Ao fim de mais uma Data Fifa, as grandes ligas europeias estão de volta. Os principais clubes da Premier League, de LALIGA, da Bundesliga e outras competições nacionais finalmente voltam a campo, mas com uma condição muito importante: a janela de transferências já fechada.
Para os maiores clubes e ligas da Europa, significa dizer que não haverá nenhuma negociação até janeiro de 2026. Ou seja, o elenco que veremos em grande parte da temporada já está basicamente definido. O que provavelmente é algo bom, considerando que o recorde geral de gastos na Premier League foi quebrado novamente.
Agora, clubes, jogadores, dirigentes e empresários vão sentar e avaliar tudo o que foi feito. Alguns conseguiram o que queriam, outros não; alguns se destacaram em suas movimentações durante o verão, outros vão lamentar as oportunidades perdidas.
Com isso, vamos relembrar o que aconteceu durante a janela e classificar os resultados em vencedores e perdedores (com alguns que ficaram no meio termo). Aqui está quem acertou — e quem passou longe — antes que você veja todos esses times em campo.
VENCEDORES
Começaremos com o clube que mais gastou: o Liverpool. Só o tempo dirá se esta foi realmente a melhor janela de transferências de todos os tempos (como alguns entusiastas afirmaram), mas certamente foi uma aquisição impressionante de jogadores.
Os Reds quebraram o recorde britânico de transferências duas vezes consecutivas. Primeiro, contrataram Florian Wirtz do Bayer Leverkusen em um negócio que pode chegar a 116 milhões de libras (R$ 852 milhões), depois, no último dia da janela, compraram Alexander Isak do Newcastle por 130 milhões de libras (R$ 955,5 milhões).
Além dessas duas negociações gigantescas, eles também contrataram Hugo Ekitike por 69 milhões de libras (R$ 507,1 milhões), Milos Kerkez por 40 milhões de libras (R$ 294 milhões), Jeremie Frimpong por 29 milhões de libras (R$ 213,1 milhões) e Giovanni Leoni por 26 milhões de libras (R$ 191,1 milhões). Todas essas negociações complementam um elenco campeão que garantiu novos contratos para Mohamed Salah e Virgil van Dijk.
Como de costume, o clube também se deu muito bem nas vendas, arrecadando mais de 200 milhões de libras (R$ 1,4 bilhão) com Luis Díaz, Jarell Quansah, Darwin Nuñez, entre outros. Agora, é hora de integrar todos os novos jogadores ao elenco.
Houve apenas um contratempo com Marc Guéhi: sua transferência do Crystal Palace foi quase acertada no último dia do prazo, mas acabou não se concretizando porque o clube londrino não conseguiu garantir um zagueiro substituto. Mas ainda assim é um trabalho notável em grande escala.
Muitas mudanças em um curto espaço de tempo às vezes podem ser ruins, e o desempenho do Liverpool no início da temporada tem sido bastante instável, mas eles estão conquistando vitórias enquanto ainda se adaptam. É um mau presságio para os adversários dos atuais campeões.
Sentindo uma oportunidade ou a pressão de simplesmente acompanhar seus rivais? Seja qual for o motivo, o Arsenal ostentou nesta janela, adicionando oito jogadores ao time principal em um esforço para se fortalecer para outra disputa pelo título.
Os Gunners buscaram jogadores e melhoraram em quase todas as posições. Viktor Gyokeres, Eberechi Eze e Noni Madueke completam o ataque; Martín Zubimendi e Christian Norgaard integram o meio-campo; Cristhian Mosquera e Piero Hincapié reforçam a defesa; e Kepa Arrizabalaga será um competente reserva de David Raya no gol.
Agora, este é um elenco extremamente forte, capaz de suprir lesões e ausências de uma forma que simplesmente não era possível antes. Já vimos provas disso, com Madueke impressionando no lugar de Bukayo Saka e Mosquera substituindo William Saliba com bravura durante a derrota para o Liverpool.
O que torna essa aquisição de jogadores ainda mais gratificante é que pelo menos dois deles foram contratados bem debaixo do nariz de rivais interessados. Zubimendi era um dos principais alvos do Liverpool em 2024, mas esperou um ano para se transferir para o Arsenal, enquanto o arquirrival Tottenham achava que tinha Eze garantido… mas os Gunners conseguiram roubá-lo na última hora.
Compreensivelmente furioso com seu desempenho em 2024/25, o Real Madrid agiu de forma rápida e decisiva no início desta janela, definindo o tom para o que eles esperam ser uma campanha significativamente melhor em 2025/26.
Xabi Alonso foi escolhido e nomeado técnico a tempo para o Mundial de Clubes. Antes de qualquer novo jogador, o espanhol já foi um sinal que mudanças estavam por vir.
O clube então entregou algumas contratações excelentes ao espanhol: Trent Alexander-Arnold, um dos melhores laterais-direitos do esporte, foi contratado por um preço baixo; Dean Huijsen, um dos melhores zagueiros do mundo, chegou para aliviar os problemas no centro da defesa; Álvaro Carreras, um lateral-esquerdo mais defensivo, foi recrutado para equilibrar a natureza ofensiva de seu colega inglês; Franco Mastantuono, a joia do futebol argentino, veio apesar do interesse do Paris Saint-Germain.
Em termos de saídas, apenas alguns astros mais velhos — Luka Modric e Lucas Vázquez — deixaram o clube, o que significa que Rodrygo, frequentemente alvo de especulações, permaneceu no time.
Isso torna o brasileiro uma opçãode rotação para o Real Madrid — algo estranho de se dizer, considerando seu talento — e ressalta a seriedade com que o clube está levando a tarefa de destronar o Barcelona este ano.
NEUTROS
Os pontos negativos da janela de transferências do United foram: pagar demais por Matheus Cunha (R$ 458,9 milhões) e Bryan Mbeumo (R$ 477,2 milhões) e não contratar um novo meio-campista central. Mas também houve pontos positivos. A contratação do atacante Benjamin Sesko e do goleiro Senne Lammens representou um retorno à estratégia de adquirir jovens talentos para desenvolvê-los — considerando que o clube está passando por uma dolorosa reconstrução, é a ideia certa.
Eles também se livraram da maioria dos jogadores indesejados, a maioria deles de forma definitiva. Antony e Alejandro Garnacho foram vendidos; Rasmus Hojlund também os seguiu para fora de Old Trafford, e o fardo financeiro de Marcus Rashford e Jadon Sancho foi praticamente eliminado por mais uma temporada.
Tudo isso combinado os deixa em uma zona neutra.
Juntando-se a eles nessa zona nem boa nem ruim está seu arquirrival Manchester City, que fez alguns negócios realmente bons neste verão, mas também fechou alguns acordos que levantam mais perguntas do que respostas.
Começando pelo lado bom, Tijjani Reijnders já mostrou lampejos de seu brilhantismo e o contrato de Rayan Ait-Nouri foi surpreendentemente barato para ser adquirido do Wolverhampton. Mas, embora Rayan Cherki e Gianluigi Donnarumma sejam obviamente excelentes jogadores, eles destoam seriamente do estilo de Pep Guardiola — o primeiro não oferece nada do ponto de vista defensivo, enquanto o segundo é um dos piores goleiros com a bola nos pés que você verá em qualquer lugar. Por que Pep ia querer ambos?
Eles também deixaram os veteranos Manuel Akanji e Ederson saírem por uma quantia relativamente baixa, o que parece ser um resultado direto de simplesmente ter tantos jogadores, alguns dos quais estavam destinados a sair. Ilkay Gundogan e Jack Grealish também deram adeus.
Com base no trabalho de transferências de 2025, o City certamente parece mais jovem e com mais energia. Mas será que eles estão realmente melhores?
PERDEDORES
Todo o verão do Newcastle foi assombrado e efetivamente arruinado pelo fantasma de Alexander Isak. Ele expressou seu desejo de deixar o clube em julho, provocando uma oferta do Liverpool que foi firmemente recusada. O que se seguiu foi uma disputa muito longa e desgastante entre os dois clubes, com o jogador deixando claro continuamente que estava determinado a sair.
Esse impasse deu aos Magpies cerca de seis semanas para encontrarem dois atacantes para substituir o imponente jogador da seleção sueca (e Callum Wilson, que havia saído), mas toda vez que eles entravam no mercado em busca de um jogador, pareciam perder. Eles tentaram e não conseguiram contratar Hugo Ekitike, Benjamin Sesko, João Pedro, Liam Delap e Jorgeh Strand Larsen — e esses são apenas os que sabemos.
Finalmente, nas últimas horas da janela de transferências, eles fecharam acordos com Nick Woltemade (R$ 477,2 milhões) e Yoane Wissa (R$ 367,1 milhões), do Stuttgart, e permitiram que Isak saísse por um recorde local. Dito isso, é uma troca que, infelizmente, os deixa em uma situação pior do que no final da temporada passada.
Pelo menos eles conseguiram fechar alguns outros negócios: o ponta Anthony Elanga chegou por 52 milhões de libras (R$ 381,8 milhões) do Nottingham Forest, Jacob Ramsey se juntou ao time por 39 milhões de libras (R$ 286,3 milhões) para reforçar o meio-campo, enquanto o zagueiro Malick Thiaw foi uma boa aquisição por 33 milhões de libras (R$ 242,3 milhões) do Milan. Mas isso não é nem de longe suficiente para superar o que tem sido um verão muito doloroso para a torcida do clube.
O Leverkusen ganhou muito dinheiro neste verão, mas também perdeu muito talento e experiência. Cada janela de transferências é um exercício de equilíbrio, e é bastante óbvio que o time alemão inclinou a balança demais na direção errada.
Florian Wirtz, Jeremie Frimpong, Jonathan Tah, Amine Adli, Granit Xhaka, Lukas Hradecky, Odilon Kossounou e Piero Hincapié — todos com 20 ou mais partidas na Bundesliga na conquista do título de 2023/24 — deixaram o clube neste verão. O ex-técnico Erik ten Hag, que foi demitido no último dia da janela de transferências, após duas partidas no campeonato, reclamou abertamente da fuga de talentos do clube neste verão, então não é como se tudo isso tivesse acontecido em segredo.
O Leverkusen também tem estado ativo nas contratações — Malik Tillman, Jarell Quansah, Loïc Badé e Eliesse Ben Seghir são todas boas aquisições —, mas deu um passo atrás, entrando em uma fase de reconstrução e, desde 1º de setembro, também está em busca de um novo técnico.
Foi um verão difícil para o Bayern, que, na maior parte do tempo, realmente lutou para fechar negócios. Isso gerou muitas perguntas, um certo pânico e, então, duas grandes contratações de jogadores da Premier League que podem dar certo ou errado.
Junho começou com a contratação de Jonathan Tah, do Leverkusen, um alvo de longa data. Ele foi celebrado como uma transferência gratuita, mas relatos sugerem que o clube pagou uma quantia substancial pela contratação e lhe ofereceu um salário monstruoso, apesar do fato de ele não melhorar definitivamente o time titular. Em seguida, o clube voltou sua atenção para a contratação de um ponta, mas perdeu seu alvo número 1, Nico Williams, que optou por permanecer no Athletic Bilbao. Eles então foram associados a Marcus Rashford, mas ele se juntou ao Barcelona.
Enquanto isso, Leroy Sané foi para o Galatasaray, Thomas Müller partiu para o Vancouver Whitecaps na MLS, Kingsley Coman se juntou ao Al Nassr e, pior de tudo, Jamal Musiala sofreu uma lesão grave no Mundial de Clubes. Isso deixou o time com uma falta surpreendente de jogadores de ataque, forçando-o a agir.
Pagar 75 milhões de euros (R$ 550,6 milhões) pelo ponta de 28 anos do Liverpool, Luis Díaz, foi universalmente considerado um exagero, mas depois de também não conseguir contratar Nick Woltemade, do Stuttgart (que foi para o Newcastle), ficou óbvio que o Bayern estava ficando sem ideias.
No último dia da janela de transferências, eles contrataram Nicolas Jackson, do Chelsea, por empréstimo — outro grande compromisso com um jogador que é bom, mas talvez não excelente.
Uma enxurrada de atividades no último dia da janela de transferências resultou em três contratações — Victor Lindelof de graça, Jadon Sancho por empréstimo do Manchester United e Harvey Elliott por um pacote final de 35 milhões de libras (R$ 256,9 milhões) do Liverpool —, mas não foi o suficiente para encobrir o que foi uma janela de transferências frustrante e genuinamente desconfortável para o Aston Villa.
Operando sob medidas extremas de corte de custos após um acordo e multa da Uefa, o Villa se viu diante da tarefa de pelo menos se manter à tona (e, claro, tentar melhorar) enquanto reduzia sua folha salarial em 20-25%, ou então seria banido das competições europeias no futuro. Isso é muito difícil de fazer.
Rumores perseguiram a maioria de seus principais jogadores durante todo o verão, criando uma sensação de inquietação durante a pré-temporada, e ficou claro que o Villa precisava limpar seu elenco e potencialmente perder um ativo importante antes de poder se comprometer com contratações. Eles perderam Jacob Ramsey, jogador formado no clube e torcedor desde criança, para o Newcastle.
Ao chegar o dia do prazo final, esperava-se que Emiliano Martínez fosse para o Manchester United, potencialmente criando mais espaço para gastos, mas sua transferência não se concretizou. Embora o fato de não terem perdido um goleiro de primeira linha seja positivo no papel, isso representou mais um obstáculo a ser superado pelos dirigentes do Villa, que tentam desesperadamente melhorar a equipe sem violar as regras da Uefa.
(*Tradução: Vinicius Garcia)