Ives Gandra – 30/07/2024 09h36
O atentado ocorrido nos Estados Unidos, recentemente, tendo por finalidade assassinar o candidato Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos merece breves considerações de natureza mais histórica do que política.
A primeira é que é a oitava tentativa, muitas vezes bem-sucedida, de assassinar alguém que ocupa ou ocupou o mandato Supremo do governo. Lincoln e Kennedy foram mortos, em pleno exercício do poder. Ronald Reagan salvou-se, como agora, o ex-presidente Trump.
A segunda consideração é que todos eles eram conservadores; mesmo Kennedy eleito pelos democratas, que se notabilizou no relacionamento internacional por oposição aos soviéticos, principalmente naquela dos mísseis russos enviados a Cuba, mas que conseguiu que os navios que os traziam retornassem aos seus portos de origem.
A terceira reflexão é de que as mais conhecidas nações de esquerda são ditaduras, muitas delas sangrentas, como Cuba, Venezuela, Nicarágua, Rússia ou China. Seus líderes raramente sofrem atentados.
A quarta consideração diz respeito as narrativas destes ditadores. Putin, no estilo de Hitler, invadiu parte da Ucrânia e tenta conservar o que conquistou com o discurso de que está querendo evitar que o nazismo seja instalado no país vizinho. Depois de dois anos de conflito, a narrativa inicial foi alterada para que a tomada de parte da Ucrânia é para evitar que o país venha a aderir a Otan. A fim de, manter sua ditadura, Putin já matou oficiais que ajudaram a invadir a Ucrânia, adversários, jornalistas, com olímpica tranquilidade, sempre alegando acidentes ou colapsos físicos inesperados. E não permite que ninguém diga que está em guerra, pois a operação é mera ação para proteger a Rússia. Sua frieza, cinismo e crueldade, em relação a milhares de cidadãos ucranianos que assassinou e soldados russos que sacrificou, levaram a ser condenado pelo Tribunal Penal Internacional como criminoso de guerra, proibido de viajar para inúmeros países, onde a Corte tem jurisdição para não ser preso, embora o presidente Lula – apesar do Brasil ser signatário do acordo que criou o TPI – tenha lhe dito que ao país poderá vir, pois não será encarcerado.
A quinta consideração é que as amizades internacionais do presidente Lula, com tais ditadores, são preocupantes. Recebeu o ditador Maduro com tapete vermelho e trata os ditadores cubanos com reverência. Representantes de Ortega estiveram em sua posse. Faz permanente vênia a Xi Jinping e se diz comunista, tendo colocado um comunista no Supremo.
A sexta consideração é de que, apesar de o Brasil estar no continente americano, prefere esfriar seu relacionamento com a América do Norte e fortalecer o relacionamento com o “Sul Global”, dirigido principalmente, pela Ásia influenciada pela ditadura chinesa.
A sétima consideração é de que a China é uma ditadura política e uma economia de mercado, que pratica um “liberalismo selvagem” até mesmo condenado por liberais, com o que não teve a deterioração econômica dos demais países de esquerda, os quais não sabem criar progresso e pretendem distribuir as riquezas de quem gerou desenvolvimento.
A oitava consideração é que o discurso permanente de Lula, que gasta o que não tem, ataca o Banco Central por manter política monetária de contenção da inflação, alimentada pela falta de política fiscal do presidente, o qual declara não precisar de livros de economia para dirigir o país, tem levado a fuga de capitais, a dificuldade no controle cambial e a temer o mercado pelo descontrole inflacionário.
A nona consideração é que se o ex-presidente Trump for eleito, os preconceitos de Lula contra os Estados Unidos não serão bons para o país.
E, por fim, como décima consideração, os tropeços verbais do presidente Biden e o atentado contra Trump parecem dar a impressão que os republicanos voltarão ao poder nos EUA.
Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio-SP e ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp). |
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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