Investigações da Polícia Federal (PF) que envolvem contratos públicos no Amapá trouxeram à tona o histórico de repasses federais à LCM Construção e Comércio, empresa que acumula histórico de recebimentos do governo desde 2014. A companhia tem contratos no valor total de mais de R$ 23 bilhões com a administração federal, entre diversos Estados brasileiros, segundo o Portal da Transparência.
+ Leia mais notícias de Política em Oeste
O ano de 2023, primeiro da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, concentrou o maior volume de contratos, que superam os R$ 10 bilhões. Sob o governo anterior, de Jair Bolsonaro, a LCM firmou acordos que totalizam R$ 6,9 bilhões.
Desde sua fundação, depois da Operação Lava Jato, a empresa cresceu e passou a assumir grandes obras públicas. Alguns contratos, inclusive, somaram R$ 3,1 bilhões entre 2014 e 2018.
Contratos recentes e foco da investigação da PF


Entre os contratos recentes, destacam-se um firmado em dezembro de 2024 para manutenção da BR-235, na Bahia, e outro em outubro do mesmo ano para serviços emergenciais na BR-470, em Passo Fundo, Rio Grande do Sul. No Amapá, epicentro da apuração atual, a LCM assinou cinco contratos de 2021 a 2024, que totalizam R$ 192 milhões.
O presidente da companhia, Luiz Otávio Fontes Junqueira, foi alvo de operação da PF nesta terça-feira, 22. Agentes apreenderam três veículos Porsche em sua residência, localizada em Nova Lima (MG). Segundo decisão da Justiça Federal, Junqueira teria se beneficiado de direcionamento de licitações e participado de um esquema de lavagem de dinheiro, com movimentações de R$ 680 mil em saques fracionados por terceiros.
Leia também: “Soberania para roubar”, artigo de J.R. Guzzo publicado na Edição 278 da Revista Oeste
A LCM também recebeu cerca de R$ 418 milhões provenientes de emendas parlamentares. Desse total, R$ 71 milhões eram do chamado “orçamento secreto”. As atuações da empresa cobrem quase todos os Estados, exceto São Paulo e Goiás, conforme registros públicos.
Em nota, a LCM negou irregularidades nas licitações e na execução dos contratos investigados. “A empresa e seu diretor estão à inteira disposição das autoridades, confiando que os fatos sob investigação serão prontamente esclarecidos”, afirmou a empresa.