Um restaurante comandado por um chef israelense e uma sinagoga foram atacados em Melbourne, na Austrália, durante manifestações pró-Palestina que terminaram em violência na noite desta sexta-feira, 4.
Grupos de manifestantes invadiram o restaurante Miznon, no centro da cidade, e tentaram incendiar o templo East Melbourne Hebrew Congregation. A polícia de Victoria prendeu ao menos um suspeito e investiga o caso como crime de ódio.
Segundo testemunhas, cerca de 20 pessoas encapuzadas entraram no Miznon por volta das 20h30. O grupo gritava “morte ao IDF”, em referência ao Exército israelense, e carregava tambores e microfones. Manifestantes lançaram cadeiras, tomates e copos contra as janelas, e um dos vidros da fachada foi quebrado.
Clientes e funcionários se esconderam enquanto a confusão se intensificava. “Eles vieram dizendo que o Miznon não era bem-vindo aqui e depois ficaram agressivos, jogando tudo o que viam pela frente”, contou uma testemunha ao jornal australiano Herald Sun. “Causaram muito dano aos negócios da rua.”
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Imagens gravadas mostram mesas viradas, gritos e correria no interior do restaurante. A polícia chegou logo depois e isolou os dois acessos da rua onde o empreendimento se encontra.
Um homem australiano de 28 anos foi preso por atrapalhar o trabalho dos agentes e liberado mais tarde sob intimação. Outros envolvidos foram identificados e seguem sob investigação.
Momentos antes, outro grupo havia se concentrado em uma rua do centro, onde entrou em confronto com opositores. Vídeos mostram jovens mascarados arremessando barreiras de trânsito e equipamentos de obra contra manifestantes e veículos.
Um bloqueio de concreto foi lançado contra um carro que passava. Entre xingamentos, um dos presentes gritava: “Não é de se admirar que você vá para a p*** da cadeia.” Outras vozes pediam: “Camaradas, sigam em frente.”
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Violência contra comunidade judaica se espalha pela Austrália
Enquanto as ruas registravam confusão, uma tentativa de incêndio criminoso atingiu a sinagoga Congregação Hebraica de East Melbourne. Segundo a polícia, cerca de 20 pessoas jantavam no local depois do serviço religioso do Shabat quando um homem se aproximou da entrada, tocou a campainha e, ao não ser atendido, ateou fogo a um artefato explosivo.
As chamas queimaram a porta principal e a fumaça se espalhou pelo salão. Ninguém se feriu, e os frequentadores escaparam pelos fundos. O fogo foi controlado antes que causasse danos maiores.
A primeira-ministra estadual, Jacinta Allan, condenou os episódios. “Este é um comportamento vergonhoso de um bando de covardes”, afirmou. “Que isso tenha ocorrido no Shabat torna tudo ainda mais repulsivo. O antissemitismo não tem lugar em Victoria e me solidarizo com a comunidade judaica em sua luta contra o ódio, a violência e o medo.”
O prefeito de Melbourne, Nick Reece, também se pronunciou. “Os ataques criminosos contra empresas israelenses e contra a sinagoga são chocantes e devem ser condenados nos termos mais fortes possíveis”, declarou. “Todos têm o direito de praticar sua fé ou fazer uma refeição sem serem atacados ou hostilizados.”


A Polícia de Victoria confirmou que um perito em incêndios será responsável por analisar os danos na sinagoga. Equipes buscam imagens de câmeras de segurança que possam ajudar na identificação dos autores.
“A polícia está em contato com representantes da comunidade judaica para garantir apoio adequado”, informou um porta-voz. “Não há absolutamente nenhum espaço em nossa sociedade para comportamentos antissemitas ou motivados por ódio.”
O embaixador de Israel na Austrália, Amir Maimon, afirmou que a comunidade judaica tem sido alvo de ataques recorrentes. “É vergonhoso e vil que a sinagoga mais antiga de Melbourne tenha sido alvo de uma tentativa de incêndio criminoso”, disse. “Nenhuma comunidade deveria ter que suportar ataque após ataque.”
A prefeitura informou que dará suporte aos comerciantes prejudicados e reforçará medidas de segurança em locais religiosos. Até o fim da noite, a polícia da Austrália mantinha bloqueios em pontos do centro da cidade e declarou que os protestos ainda estavam em andamento.
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