
Um editorial da revista The Economist, publicado nesta quinta-feira (23), defende que a estratégia do governo federal brasileiro para preservar a floresta Amazônica deveria ser replicada por demais países do mundo que pretendem manter suas florestas tropicais em pé.
De acordo com o texto, o país mostrou, na gestão do presidente Luís Inácio Lula da Silva, como boas políticas públicas podem fazer a diferença na preservação ambiental.
“Durante o governo de Jair Bolsonaro, um político de direita que foi presidente de 2019 a 2023, pouco foi feito para conter as motosserras. Em contraste, seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, junto com uma ministra do Meio Ambiente resoluta, Marina Silva, aplicam uma combinação equilibrada de punição e incentivo. Agentes federais fortemente armados prendem madeireiros ilegais e destroem garimpos clandestinos. Propriedades onde ocorre desmatamento ilegal são impedidas de receber crédito subsidiado”.
Segundo a The Economist, o ritmo do desmatamento caiu 80% durante os primeiros mandatos de Lula (2003–2011) e voltou a ser reduzido quando ele reassumiu em 2023, antes dos incêndios florestais.
“Enquanto Bolsonaro via o ambientalismo como um obstáculo ao desenvolvimento, o governo Lula entende que destruir a floresta amazônica significaria arruinar a própria agricultura brasileira. O governo vem se esforçando mais para proteger as terras indígenas – cujos povos costumam ser excelentes guardiões da floresta – e para regularizar a posse de terras na Amazônia, hoje marcada por uma confusão de títulos sobrepostos e mal documentados”.
O editorial destaca que o processo de regularização de terras empreendido pelo governo brasileiro é uma estratégia que deveria ser replicada pelos demais países. “Quando se sabe quem é o dono da terra, sabe-se também a quem punir por destruí-la ou recompensar por preservá-la”.
“Felizmente, com o avanço da tecnologia de imagens digitais, as infrações podem ser detectadas e relatadas em poucos dias, permitindo que as autoridades ajam rapidamente. Todas essas lições deveriam ser aplicadas em outros países que possuem florestas tropicais”.
Pagamento
Segundo o editorial, a preservação das florestas deveria ser financiada pelos demais países do mundo. A revista ressalva, no entanto, que os países ricos estão cada vez mais reticentes em fazer isso.
“Como preservar as florestas tropicais é um bem público global, o mundo deveria ajudar a pagar por isso. Mas, novamente, falar é mais fácil do que fazer. Os países ricos estão cada vez mais reticentes em oferecer ajuda internacional. Os mercados de créditos de carbono ainda não decolaram, em parte porque é difícil comprovar se o dinheiro destinado a projetos de conservação realmente resulta em árvores preservadas”.
“O método mais simples seria pagar diretamente aos governos de países (ou províncias) onde o desmatamento for interrompido, conforme verificado por imagens de satélite. O Brasil vem tentando despertar interesse por essa ideia”.


