Santos e Jorge Sampaoli chegaram a um impasse na negociação para que o argentino retorne à Vila Belmiro, segundo apurou a ESPN. Ainda que tenham bases salariais já acertadas para um contrato, o treinador “bateu o pé” e quer reforços contratados para assumir o time.
O técnico indicou à direção a necessidade da chegada de três jogadores para o elenco, um zagueiro, um meio-campista e um atacante. E quer a certeza que contará com essas peças antes de dizer “sim”.
O Santos, por sua vez, tenta convencer Sampaoli de que sua chegada poderá ajudar na busca por contratações no mercado, em um cenário que a janela de transferências fecha em apenas 13 dias, no dia 2 de setembro. Neste momento, contudo, o comandante se mostra irredutível.
O clube gostaria de uma resposta definitiva de Sampaoli o mais rápido possível, mas o argentino, por sua vez, não demonstra a mesma urgência para aceitar um novo trabalho. Ele está desempregado desde o último mês de janeiro, quando deixou o Rennes, da França.
Apesar da pressa para definir o substituto de Cléber Xavier, o Santos também é cauteloso, já que entende que “não pode errar”, como definiu um integrante da diretoria à reportagem.
A intenção do presidente Marcelo Teixeira, também segundo apurou a ESPN, é trazer um técnico que dure no cargo até o final de sua gestão, daqui um ano e meio. O diretor de futebol Alexandre Mattos é quem lidera as conversas no mercado.
Tite já foi outra prioridade ao lado de Sampaoli, mas as negociações não avançaram. Juan Pablo Vojvoda, ex-Fortaleza, e Luis Zubeldia, ex-São Paulo, também foram citados nos bastidores santistas.
Tudo acontece em clima de pressão, após a invasão de torcedores ao CT Rei Pelé na terça-feira (20) para protestar após a goleada por 6 a 0 para o Vasco no Morumbis. O presidente não estava no local, portanto, não ouviu in loco ao refrão direcionado a sua gestão: “Marcelo Teixeira, com esse time, você está de brincadeira”, gritaram, após quebrarem o portão de entrada.
Enquanto o novo técnico não chega, Matheus Bachi, filho de Tite e ex-auxiliar de Cléber Xavier, vai dirigir o Santos no próximo domingo, em Salvador. Será a terceira vez que ele dirige uma equipe profissional no Brasil, após ter substituído o pai em dois compromissos do Flamengo em 2024 – está invicto, já que venceu o Red Bull Bragantino e empatou com o Athletico-PR.
Cléber Xavier, que optou pelo silêncio depois da derrota para o Vasco e sua demissão, disse à ESPN que vai apoiar Matheus e a comissão técnica. “Vou torcer para que os companheiros de comissão técnica consigam uma vitória sobre o Bahia. O Santos precisa sair desta situação próxima do Z-4”.
Sob pressão, o elenco tem até domingo para digerir o que ouviu dos cerca de 50 torcedores uniformizados que invadiram o CT e forçaram um encontro com os atletas, direção de futebol e comissão técnica. Segundo fontes santistas, o clima da conversa “não foi amistoso, mas foi pelo menos respeitoso”. Exigiram “garra e vitórias”, e os jogadores concordaram e prometeram mais empenho.
Algumas frases dos líderes dos torcedores, porém, resumem o clima. “Isso aqui (invasão) que está acontecendo é pouco”, avisou um deles.
Neymar ficou na frente dos jogadores e tentou falar com os invasores. “Estamos tentando mudar as coisas”, disse. E ouviu a resposta: “Mas não está adiantando, né”. O astro do Santos escutou mais, inclusive sobre o choro depois da goleada. “Você é a estrela deste time, certo? Você é o maior jogador do planeta. Se você chorar, imagina o resto destes caras, mano. Se você discutir com o torcedor, mano, vai dar margem para qualquer outro jogador discutir com torcedores”.
O diretor de futebol Gustavo Ferreira pretende acompanhar o treino da tarde desta quarta-feira para sentir a reação dos jogadores. Eles não treinaram pela manhã. Sobre o técnico interino para o jogo contra o Bahia, o dirigente elogia Matheus Bachi. “É um profissional de altíssimo nível”.
Apesar da invasão, o Santos decidiu não prestar queixa dos danos causados no portão do CT. “Morreu ali”, disse um dirigente.