O agro brasileiro domina a produção, mas continua vulnerável aos humores do clima. Chuvas fora de hora, estiagens e eventos extremos se multiplicam, e já não basta confiar apenas na intuição: a sobrevivência exige planejamento científico.
O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é mais do que burocracia: é um escudo contra perdas, indicando onde e quando plantar para reduzir riscos. Somado a isso, a meteorologia ganhou protagonismo. Cada previsão confiável pode significar lucro ou prejuízo, e os boletins do Canal Rural tornaram-se aliados indispensáveis para decisões no campo.
O problema é que, enquanto EUA e Europa trata o seguro rural como política de Estado, o Brasil ainda o vê como luxo. Pequenos e médios produtores seguem descobertos, dependentes de socorros emergenciais lentos e insuficientes. Sem zoneamento aplicado, meteorologia confiável e seguro acessível, o risco climático continuará recaindo sobre quem produz.
Proteger o produtor é proteger a soberania alimentar do Brasil. O agro pode ser moderno e sustentável, mas sem gestão de risco seguirá refém da próxima nuvem carregada.

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural
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