“As chances de nós que amamos MLB de ver um jogo no Brasil são praticamente zero, né?”
Essa pergunta foi deixada pelo seguidor Leonardo Silva em uma postagem no Instagram sobre o jogo da NFL no Brasil nesta sexta. Uma pergunta que já vem embutida com uma sugestão de resposta. E a resposta dele está correta. As chances de vermos uma partida da MLB em solo brasileiro são praticamente zero. Mas não podemos ignorar uma coisa: há dez ou 15 anos, as chances de um jogo da NFL acontecer no Brasil também era praticamente zero, e ele aconteceu.
A maior liga esportiva do mundo não veio a São Paulo porque gosta de cachorro quente com purê ou quer conhecer a maior comunidade étnica japonesa fora do Japão. A NFL veio porque sabia que tinha muito dinheiro a ganhar no Brasil, e ela percebeu isso a partir de um trabalho longo e notável feito pela comunidade do futebol americano brasileiro – desde a mídia até o público, passando por empresas que investiram na modalidade – que se fez ouvir nos escritórios da liga na Park Avenue de Nova York.
Realizar uma partida em solo estrangeiro é sempre um risco para uma liga norte-americana. A popularidade pode estar superdimensionada (ou até existir, mas composta por um público que não é fanático a ponto de pagar o valor inflacionado do ingresso), as condições locais podem ser inferiores às mínimas adotadas no dia a dia ou a organização pode ser ruim. Qualquer uma dessas situações deixaria uma imagem de amadorismo aos olhos do mundo. Por isso, as ligas até querem explorar outros mercados, mas só pisam onde tiverem certeza de bom resultado.
A vinda ou não de um jogo da MLB ao Brasil passa exatamente por isso. A comunidade brasileira de beisebol crescer, se mobilizar e se fazer ouvir. Com duas vantagens: a liga já olha o Brasil como potencial fonte de talentos, a ponto de transformar o centro de treinamento da CBBS (Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol) em uma academia da MLB para toda a América Latina, e o fato de o NFL São Paulo Game ter sido um sucesso de público, organização e repercussão.
O Brasil ainda não desenvolveu um público de beisebol que dê à MLB a convicção de que sustentaria comercialmente uma série de temporada regular. No entanto, o País mostrou nesta sexta (como tinha mostrado em outros eventos, mas uma liga americana tende a se espelhar mais em outra) que é capaz de financiar e realizar um
jogo de maneira organizada e segura. E que torcedores e profissionais que vieram dos EUA voltaram elogiando o que encontraram.
A repercussão da partida desta sexta na Neo Quimica Arena deve ter chegado à NBA, por exemplo. A liga de basquete já fez jogos de pré-temporada no Brasil, além de organizar clínicas e outros eventos (como a NBA House). Trazer um jogo oficial é o passo seguinte, e talvez a liga esteja apenas esperando alguns detalhes. Gustavo Pires, presidente da SP Turis, disse no programa ESPN League que falta apenas uma arena nos parâmetros da NBA para essa partida acontecer.
Legal, mas e a MLB?
A Major League Baseball já realizou várias partidas oficiais fora dos 50 estados americanos e Canadá. Quase sempre em lugares em que o beisebol tem popularidade consolidada, casos de Japão, Coreia do Sul, Porto Rico e México. Há duas exceções: Austrália e Reino Unido.
Nesses dois casos, a liga quis explorar mercados emergentes e em que havia indícios de que os jogos teriam sucesso, seja pela forte conexão cultural e histórica com os Estados Unidos (caso de Londres) ou de uma cultura esportiva em que o beisebol já tem um espaço (Sydney). A MLB tentou fazer isso com a França, e chegou a anunciar jogos em Paris para 2025. No entanto, a falta de apoio de organizadores locais a fez desistir da ideia.
O Brasil precisa mostrar que se enquadra nesse grupo de “mercado emergente que traz resultado”. E, por mais que a sombra do fracasso das partidas em Paris exista, a imagem deixada pelo jogo da NFL pode ser mais forte. Porque essa partida mostrou que, se o público brasileiro abraçar uma liga americana, ele vai fazer de tudo para demonstrar essa paixão.
O Semana MLB é um post em forma de newsletter sobre os principais temas (e a programação de TV) da MLB. Toda sexta (vez ou outra atrasa para o sábado) uma nova edição
TRÊS STRIKES
1) O Chicago Cubs conseguiu um no-hitter coletivo contra o Pittsburgh Pirates na última quarta (dia 4). O feito foi comandado por Shota Imanaga, que completou sete entradas com dois walks e 95 arremessos. Depois, Nate Pearson e Porter Hodge completaram o serviço, conseguindo o primeiro no-hitter dos Cubs no Wrigley Field desde 1972. O time de Chicago venceu por 12 a 0.
2) Max Scherzer tinha eliminado todos os 11 rebatedores que tinha enfrentado em um jogo de reabilitação pelo Round Rock Express (triple-A do Texas Rangers). Faltava uma eliminação para completar quatro entradas perfeitas, mas cedeu uma base. Por… walk intencional??? Sim, ele abriu mão do jogo perfeito de propósito. O motivo é que ele não faria a partida completa, e o principal objetivo era apenas ganhar ritmo de jogo. Naquele momento, ele ainda desejava testar alguns arremessos contra um destro, e o rebatedor da vez era um ambidestro posicionado como canhoto. Por isso, ele deu a base para enfrentar o jogador seguinte, um destro. Mas Scherzer acabou dando uma bolada e teve de terminar a entrada contra um canhoto mesmo.
3) O público está ansioso para o desenrolar das conversas para adoção da zona de strike eletrônica na MLB. E preocupado com as especulações de uma regra que obrigue o abridor a fazer um mínimo de seis entradas. Mas outra regra pode chegar já no ano que vem: uma nova política de punições para arremessadores que darem boladas perigosas ou que contundam os rebatedores. White Merrifield, defensor interno do Atlanta Braves, recebeu uma bolada na cabeça na última semana e se tornou um porta-voz no combate a arremessos perigosos. Ele levou a questão ao Comitê de Competição da MLB e a receptividade foi boa. Ainda não há um esboço da regra, mas as sanções propostas vão de multa a suspensão do arremessador que lançar bolas perto da cabeça do rebatedor.
DÚVIDA DO FÃ DE ESPORTE
Até onde é legal os estádios terem estruturas que dificultem um home run?
Renê, @renerdisses.bsky.social
Rebater home runs é o objetivo de um time apenas em metade do jogo. Na outra metade, a missão é justamente evitar que o adversário faça isso. Então, ter um estádio bom ou ruim para home runs é uma questão de que tipo de jogo cada franquia pretende ter como sua marca ao longo dos anos. Um time que pretende se construir em torno do ataque vai preferir um estádio bom para rebatedores. Uma equipe que quer se notabilizar pelo domínio no montinho vai preferir uma casa boa para arremessadores. De qualquer maneira, há questões pontuais que vão além disso. Por exemplo, o Coors Field, do Colorado Rockies, fica a 1.600 metros de altitude e, por isso, a bola viaja mais longe nas rebatidas (mesmo motivo pelo qual times bolivianos adoram chutar de longa distância quando jogam futebol em La Paz). Assim, é fácil até demais rebater home runs em Denver, a ponto de o estádio ter um campo externo maior que o normal para reduzir um pouco esse impacto.
BRASILEIROS
– Daniel Missaki (arremessador, ligas menores do Chicago Cubs) foi promovido do Tennessee Smokies (double-A) para o Iowa Cubs (triple-A). Com isso, o brasileiro está a um degrau de chegar às grandes ligas. Na nova categoria, já fez dois jogos (quatro entradas) e cedeu apenas uma corrida, o que dá um ERA de 2,25.
– Após um início ruim, Eric Pardinho (arremessador, triple-A do Toronto Blue Jays) encontrou seu melhor jogo no nível triple-A. O arremessador não cedeu nenhuma corrida nos últimos seis jogos (6,2 entradas). Com isso, seu ERA no Buffalo Bisons baixou de 9,18 para 6,56.
PROGRAMAÇÃO #MLBnaESPN
Sexta, 6/set
21h – Seattle Mariners x St. Louis Cardinals (Disney+)
Sábado, 7/set
17h – Tampa Bay Rays x Baltimore Orioles (Disney+)
Domingo, 8/set
20h – Arizona Diamondbacks x Houston Astros (ESPN 3 e Disney+)
Segunda, 9/set
20h – Kansas City Royals x New York Yankees (ESPN 4 e Disney+)
Terça, 10/set
20h – Baltimore Orioles x Boston Red Sox (ESPN 3 e Disney+)
Quarta, 11/set
20h – Kansas City Royals x New York Yankees (ESPN 2 e Disney+)
Quinta, 12/set
20h – Boston Red Sox x New York Yankees (ESPN 3 e Disney+)
Sexta, 13/set
19h30 – New York Mets x Philadelphia Phillies (ESPN 3 e Disney+)
MAIS BEISEBOL NO DISNEY+
Sábado, 7/set
20h – LMB (final): Diablos Rojos de México x Sultanes de Monterrey, jogo 3
Domingo, 8/set
20h – LMB (final): Diablos Rojos de México x Sultanes de Monterrey, jogo 4
Segunda, 9/set
22h30 – LMB (final): Diablos Rojos de México x Sultanes de Monterrey, jogo 5
Terça, 10/set
22h – LMB (final): Sultanes de Monterrey x Diablos Rojos de México, jogo 6
Quarta, 11/set
22h – LMB (final): Sultanes de Monterrey x Diablos Rojos de México, jogo 7
Obs: Horários de Brasília. Grades sujeitas a alteração