Roubar carros nunca foi tão lucrativo no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, o crime organizado transformou o sequestro de veículos em uma engrenagem sofisticada, que movimenta milhões de reais por ano. O esquema envolve seguradoras, facções criminosas e policiais corruptos.
Funciona assim: depois de roubarem um veículo, os criminosos o levam para dentro das favelas dominadas por facções como o Comando Vermelho ou o Terceiro Comando Puro. Lá, entra em ação um personagem conhecido como “gerente de roubo de veículos”, responsável por decidir o destino de cada automóvel. Se não houver seguro, o carro segue para o desmanche, onde as peças são revendidas em ferros-velhos. Contudo, se tiver contrato com alguma seguradora, o veículo passa a integrar um esquema paralelo de resgate.
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Para viabilizar o esquema, o gerente aciona os chamados “falcões” — intermediários a serviço do crime encarregados de contatar as empresas de “pronta-resposta”. Essas empresas, terceirizadas das seguradoras, negociam diretamente com os falcões o pagamento para a devolução dos veículos roubados.


As negociações giram em torno de R$ 5 mil a R$ 10 mil, no caso dos carros populares, ou aproximadamente 10% do valor de mercado, no caso dos veículos de luxo. Já as motos podem ter resgates equivalentes a 30% da tabela Fipe (referência que indica o preço médio do mercado brasileiro). Assim que o dinheiro é repassado pelas empresas de pronta-resposta, os falcões providenciam a devolução do veículo — muitas vezes com o apoio de policiais cúmplices, que atuam para legitimar a recuperação e conduzir o carro até o pátio legal.
O dinheiro é repartido da seguinte maneira: até 70% do valor do resgate fica com os sequestradores, enquanto os 30% restantes são divididos entre os falcões e as empresas de pronta-resposta.


O sequestro de veículos em números
Neste ano, a Polícia Civil do Rio deflagrou a Operação Torniquete, ofensiva que já resultou em mais de 500 prisões, bloqueio de R$ 70 milhões em bens e a recuperação de R$ 40 milhões em cargas e veículos. A investigação revelou que, só no último ano, quatro empresas de pronta-resposta receberam mais de R$ 11 milhões para atuar nesse esquema clandestino.
Especialistas consultados por Oeste argumentam que o esquema só prospera porque encontra apoio institucional — seja pela omissão do Estado, seja pela conivência de agentes públicos. “Os bandidos viraram protagonistas de filmes e documentários”, diz o coronel Fábio Cajueiro. “Mas quem sofre na realidade é sempre a vítima.”
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