Durante audiência realizada nesta terça-feira, 22, o delegado Fabio Shor, da Polícia Federal (PF), afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que as investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022 continuam em curso. O policial disse que a corporação busca identificar mais envolvidos na parte operacional do plano.
“A investigação está toda nos autos, aquilo que foi identificado”, declarou o delegado, em resposta à defesa do policial federal Wladimir Matos Soares, um dos réus. “Existem investigações ainda em andamento em relação à identificação de outras pessoas que atuaram no campo operacional.”
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Shor participou da oitiva de testemunhas de defesa dos réus classificados no núcleo 3 da suposta organização. A denúncia da Procuradoria-Geral da República alega que este grupo buscou sustentar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder depois das eleições de 2022.
Entre essas ações, estariam o monitoramento de autoridades e a articulação de atentados e prisões de figuras públicas. Segundo o delegado, parte dessas informações já havia sido apresentada pela corporação. “Como expusemos no relatório final e no relatório de análise, uma equipe operacional que estava pronta para prender e executar o ministro Alexandre de Moraes”, afirmou.
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PF cita áudios com ameaças e grupo armado supostamente ligado a Bolsonaro
As apurações acusam Soares de compartilhar informações sobre a segurança de Luiz Inácio Lula da Silva com pessoas ligadas a Bolsonaro. Em áudios obtidos e periciados pela PF, ele teria mencionado a existência de um grupo armado com intenção de prender ministros do STF e fazer uso de força letal. Em uma das gravações, o policial afirma que mataria “meio mundo” pelo ex-presidente.
Além dele, integram o núcleo 3 outros dez militares: Bernardo Romão Correa Netto, Fabrício Moreira de Bastos, Márcio Nunes de Resende Jr., Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, Ronald Ferreira de Araújo Jr., Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira.


A acusação sustenta que, em 28 de novembro de 2022, depois da confirmação da vitória de Lula, os denunciados se reuniram para discutir a elaboração de uma carta a ser encaminhada aos comandantes das Forças Armadas. A PGR afirma ainda que o grupo planejava ações com o objetivo de mobilizar a sociedade e criar condições para a concretização de um golpe.
Durante as audiências desta semana, Shor também prestou depoimento como testemunha de defesa de outros réus ligados ao núcleo 2, entre eles Filipe Martins e Marcelo Câmara. Ele acrescentou que o indiciamento dos acusados não se baseia apenas na delação do tenente-coronel Mauro Cid, mas em múltiplas frentes de apuração desenvolvidas pela PF.
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