O calor em alguns dos jogos do Mundial de Clubes chegou ao conhecimento agora de organizações internacionais. O sindicato global de jogadores – FIFPro – expressou preocupação com o efeito das altas temperaturas sobre os atletas e afirmou que dois jogos em específicos deveriam ter sido adiados: PSG x Atlético de Madrid e Chelsea x Espérance.
De acordo com a entidade, essas partidas não deveriam ter acontecido por terem excedido o “limite máximo recomendado”. Isso fez com que profissionais procurassem seus sindicatos nacionais durante o torneio e até que médicos entrassem em cena pedindo para que a Fifa leve em conta esses fatores para os jogos da Copa do Mundo de 2026, nos Estados Unidos, Canadá e México.
Os horários do maior torneio de seleções do planeta ainda não estão definidos, mas levando em conta que o Mundial de Clubes serve como “ensaio” para a competição, já dá para ter uma ideia de que a federação planeje compromissos às 12h, 13h e assim em diante.
Jogadores e técnicos, incluindo Marcos Llorente, do Atlético de Madrid, e o técnico do Chelsea, Enzo Maresca, se manifestaram sobre as condições climáticas, e o Diretor Médico da FIFPro, Vincent Gouttebarge, afirmou que a vitória do PSG contra o clube espanhol em Pasadena e o triunfo do time inglês sobre o Espérance na Filadélfia deveriam ter sido cancelados pelos registros excederem a Temperatura de Bulbo Úmido (WBGT) de 28 graus da FIFPro.
Essa medida funciona como uma fórmula científica, calculada a partir de múltiplos parâmetros meteorológicos, para mensurar o impacto que o forte calor causa nos humanos, levando em conta os fatores: temperatura do ar, umidade, calor radiante e movimento do ar. O limite de WBGT da FIFA é de 32 graus, quatro a mais que do sindicato.
“Em nossa posição, temos um limite para o jogo ser adiado e remarcado”, disse Gouttebarge à imprensa durante o Mundial de Clubes. “De acordo com a nossa posição, esses jogos deveriam ter sido adiados para um local melhor no dia e, se não houver disponibilidade, remarcados”, continuou o profissional de saúde.
A FIFPro utilizou dados meteorológicos para avaliar potenciais problemas durante a Copa do Mundo de 2026 e destacou o risco de jogos ao meio-dia em cidades como Miami e Orlando. E com as discussões em andamento com a Fifa, Alexander Bielefeld, diretor de políticas e relações estratégicas do sindicato, e o secretário-geral Alex Phillips, debatem com a Fifa para que se agende jogos noturnos nessas cidades.
“Sabemos que existem certas áreas em um país que estarão em maior risco”, avaliou Bielefeld. “Há uma questão, em algum momento, sobre o que a indústria vê como um limite de precaução para os jogadores, mas também para os espectadores, para potencialmente atrasar os horários de início.”
Phillips, por sua vez, disse que a FIFPro “implorará” à Fifa para garantir que suas preocupações sejam ouvidas e atendidas. “Sim, pleitearemos”, afirmou. “Usaremos argumentos de bom senso. Podemos usar os protocolos da MLS – eles não jogam partidas ao meio-dia na Flórida, por exemplo, há vários anos”.
Junto a isso, o secretário-geral confirmou que alguns jogadores no Mundial de Clubes expressaram preocupações sobre uma série de questões aos seus sindicatos. “Temos atletas que entraram em contato com seus sindicatos sobre essas questões”, revelou. “Cabo aos sindicatos, porém, divulgar isso.”