A pesquisa feita pelo Sniper – novo sistema do Conselho Nacional de Justiça para investigação patrimonial e recuperação de ativos – não encontrou nenhum bem em nome de Marcelinho Carioca, ídolo do Corinthians.
O resultado foi informado à Justiça pelo Sniper após ordem judicial que determinou a busca pelo patrimônio do jogador para quitar uma dívida de cerca de R$ 600 mil, gerada pela condenação ao pagamento de indenização pela morte de um garoto em 1998.
Não foram encontrados bens, como imóveis ou veículos, em nome de Marcelinho. O resultado da pesquisa também encontrou algumas contas bancárias vazias. Além disso, o sistema buscou suas ligações com empresas e pessoas físicas por meio de procurações ou documentos, além de procurar eventuais fraudes ou celebração de negócios de compra e venda de imóveis sem registro. Nada foi encontrado. Em outras palavras, a investigação do Sniper mostrou que o ídolo corintiano não possui patrimônio.
O pedido para investigar os bens do ex-atleta foi feito pelo casal de idosos Servio Machado e Pedra Batista, de 74 e 68 anos de idade, que em 1998 perdeu o filho, Cristiano, de 17 anos, pisoteado por um cavalo de raça de Marcelinho enquanto cumpria um serviço dentro do sítio do então jogador do Corinthians.
Desde então, eles vêm brigando com Marcelinho Carioca na Justiça para receberem uma indenização. Eles venceram em todas as instâncias, mas até hoje não conseguiram receber o valor que teriam direito, hoje perto dos R$ 600 mil, fora honorários e custas processuais.
Entenda o caso
O processo se arrasta há 27 anos no Judiciário paulista. A sentença em primeira instância diz que Marcelinho contratou um menor de idade, inexperiente com animais e sem nível sócio cultural para realizar as tarefas às quais foi submetido, em uma fazenda sem estrutura para criar cavalos. O garoto recebia um salário de R$ 180 por mês para trabalhar no sítio.
Para a Justiça, Marcelinho teve culpa no acidente, pois causou sofrimento e dor à família de Cristiano, por ser o dono do local e responsável por tudo, apesar de não estar lá no momento do acidente e não ser quem ocasionou diretamente a morte do menino. Ele foi condenado, na ocasião, a pagar R$ 100 mil de indenização. A capacidade financeira do então jogador e dos pais do garoto também foram levadas em consideração.
A partir daí, o processo se arrastou nos tribunais. Marcelinho reformou a sentença original para pagar metade do valor, sofreu nova derrota, a ação ficou mais de uma década travada no STJ, e os pais do menino tentaram incontáveis vezes encontrar bens em nome do jogador para penhora.
No episódio mais recente, eles descobriram que imóveis de Marcelinho na Mooca, zona leste de São Paulo, avaliados em R$ 1,3 milhão, foram a leilão para pagar dívidas de condomínio e conseguiram penhorar as matrículas desses bens. Uma decisão da Justiça determinou que devem receber uma parte do valor de venda, limitado a 150 salários mínimos.
A reportagem tentou contato com a defesa de Marcelinho, mas não conseguiu retorno. A reportagem será atualizada caso queira se manifestar.