O deputado federal General Girão (PL-RN) afirmou que o governo brasileiro se omite ao não classificar facções criminosas como organizações terroristas e acusou a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de apoiar regimes alinhados com o extremismo.
Em entrevista ao Oeste Sem Filtro desta segunda-feira, 30, o parlamentar relatou experiências durante o período em que atuou na Amazônia e comentou a atuação de organizações criminosas no país.
Girão relatou ter servido por 36 anos no Exército e mais cinco anos como secretário de Segurança Pública em Roraima. Nesse período, testemunhou o avanço de facções criminosas na região de fronteira. Segundo ele, “eles já têm imóveis, já têm bens no Brasil, e pasmem, o pior agora é que eles já estão no exterior também”.
Para o deputado, a ausência de uma classificação formal de terrorismo limita a capacidade de punição dessas organizações. “Há quantos anos que as comunidades do Rio de Janeiro […] são obrigadas a fechar as lojas, a pararem de circular nas ruas com toque de recolher, por conta de determinações deles?”, perguntou.


O parlamentar destacou a dificuldade de fiscalização na Amazônia, ao citar limitações operacionais da Polícia Federal, e defendeu uma atuação mais permanente das Forças Armadas na região. “A Polícia Federal não consegue se fazer presente na Amazônia toda”, disse. “Quem está presente na Amazônia toda são as Forças Armadas.”
Girão explicou que o Exército atua em patrulhas temporárias, mas defendeu uma presença contínua. “O que precisa ter é permanente presença de uma força encarregada de patrulhar a fronteira”, declarou.
Perguntado sobre a necessidade de apoio internacional, Girão afirmou que é possível garantir a segurança sem intervenção estrangeira, mas reconheceu a importância de cooperação tecnológica, como o uso de satélites.
Ele criticou o afastamento do Brasil de parcerias com países que poderiam contribuir nesse sentido. “Me preocupa muito o que o governo Lula da Silva está fazendo, se afastando daqueles que podem sim, de verdade, nos apoiar”, disse.
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Girão critica capacidade operacional da Polícia Federal
Ao tratar da competência da Polícia Federal no controle de fronteiras e no combate ao tráfico, Girão disse não acreditar que a instituição consiga executar sozinha essas tarefas. “Você tem que sair, tem que ir pra floresta, tem que passar fome, enfrentar o mosquito, enfrentar o desconhecido”, afirmou.
Ele também criticou a nova atribuição da Polícia Federal para fiscalização de armas dos CACs (colecionadores, atiradores e caçadores) e disse que “não vai ter controle nenhum” por falta de capacidade operacional.
O deputado fez críticas diretas ao presidente Lula, ao mencionar episódios recentes do Ministério das Relações Exteriores. “Só falta agora ele dizer que essa nota do Itamaraty ele não sabia”, comentou, em referência ao posicionamento brasileiro sobre o Irã. Ele classificou como “crime contra a nação brasileira” o apoio a regimes que considera alinhados ao terrorismo.
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“O Brasil é um país que apoia terrorista”, afirmou. Girão também disse que sente vergonha da postura adotada pelo governo: “Eu peço desculpas e perdão aos israelenses, ao povo judeu do mundo todo. Pelo amor de Deus, o Brasil não é isso”.
Ele também relatou que é alvo de processo pelo Supremo Tribunal Federal, em razão de declarações feitas depois dos atos de 8 de janeiro, mas negou envolvimento em depredações. “Nunca, em nenhum momento, advoguei ou participei de manifestações que quebrassem as coisas”, declarou.
Ao final da entrevista, Girão reiterou preocupação com os rumos da política externa e da segurança pública brasileira. “Não podemos apoiar terroristas”, encerrou. “É uma página muito triste da história do Brasil.”
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