Auditorias em gastos do Executivo revelaram que a Presidência da República utilizou mais de R$ 55 milhões em cartões corporativos desde o início do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme informação da revista Veja, além dos gastos, o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou que 99,55% dessas despesas permanecem sob sigilo, o que dificulta o controle social sobre a destinação dos recursos.
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Entre janeiro de 2023 e abril de 2025, a Presidência desembolsou ao todo R$ 55.497.145,48 por meio desses cartões, conforme apurou o TCU. Na Vice-Presidência, o valor foi de R$ 394 mil no mesmo período, sendo 92% das transações igualmente com classificação de confidenciais.
Falta de detalhamento e atualização dos dados


O órgão fiscalizador criticou a ausência de detalhamento mensal das despesas, que deveriam ser informadas com clareza. Entre as discrições possíveis, poderiam constar alimentação, hospedagem, locação de veículos e aquisição de materiais.
O TCU mostrou ainda que, de janeiro de 2023 a setembro do ano passado, esses itens somaram R$ 7,7 milhões, sem discriminação de valores por mês ou atualização posterior a outubro de 2024.


Outra queixa do tribunal diz respeito à falta de atualização dos dados no portal institucional do Executivo. No Portal da Transparência, também há irregularidades: gastos como R$ 35 mil em um único posto de combustível em área nobre de São Paulo não apresentam notas fiscais nem explicações com detalhes, de modo a impossibilitar identificar a natureza da despesa.
Exigências do TCU e reação do governo Lula


O TCU cobra há sete anos que presidentes publiquem informações detalhadas dos cartões corporativos. A Corte determina que a divulgação de despesas não sigilosas ocorra imediatamente e que valores confidenciais tenham atualização mensal, incluindo somatórios para itens como alimentação, hospedagem e transporte.
Ao término do mandato, a regra exige o fim do sigilo, exceto em casos que possam afetar a segurança do futuro presidente. Presentes recebidos, como os que motivaram investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, também precisam ser listados e incorporados ao patrimônio público.
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As críticas do TCU aumentaram depois de denúncias sobre gastos em viagens oficiais, incluindo diárias e hospedagens de servidores da comitiva presidencial. Para evitar novos desgastes, Lula optou por se hospedar na Embaixada do Brasil em Buenos Aires durante encontro do Mercosul no início deste mês. Agora, a Presidência terá o prazo de 120 dias para apresentar soluções e tornar os dados públicos, de acordo com determinação do TCU.
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