Membros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles o presidente do órgão, ministro Luís Roberto Barroso, e seu colega, o também ministro Alexandre de Moraes, aparecem em um vídeo no Instagram cujo discurso tenta rebater a ideia de que o Brasil vive uma ditadura.
Produzido e veiculado pelo perfil da atriz e estudante de psicologia Anaterra Oliveira, o conteúdo se revela uma peça de propaganda, com retoques de ironia. O material, de aproximadamente 5 minutos de duração, intercala diversas entrevistas com os dois magistrados, além de outros funcionários do Supremo e influenciadores digitais.
Vídeo do STF ‘investe’ no discurso da democracia
A apresentadora se esforça para exibir uma explicação didática sobre o papel da Corte e, por vezes, reforça não haver uma ditadura no Brasil. Aliás, a palavra ‘democracia’ é uma das que mais são citadas na narrativa. Foram 15 vezes, superando termos como liberdade (9) e ditadura (5).
O material descreve o STF como o “guardião da Constituição”, contrariando o que a oposição política ao governo Lula da Silva e diversos juristas dizem na atualidade. Enquanto Moraes refere-se ao STF como o lugar onde se combate a discriminação, Barroso exalta a importância da Corte, referindo-se a ela “instância da última palavra” e destino das “causas mais complexas”.
A técnica da ‘voz do outro’
Com o uso de uma técnica clássica do marketing político, que é recorrer à ‘voz do outro’ para disfarçar o discurso oficial, a influenciadora insiste na tese de que o STF é a casa da democracia. Em um dos trechos, uma das fontes diz: “Numa democracia, as pessoas podem criticar inclusive o STF; se fosse realmente uma ditadura, não seria possível nem dizer isso”, em alusão ao vídeo nas redes sociais.
O conteúdo é mais um produto do evento “Leis e Likes: o papel do Judiciário e a influência digital”. A iniciativa busca usar influenciadores previamente selecionados para disseminar, por meio de seus canais, uma propaganda positiva sobre o trabalho do STF. De acordo com uma recente pesquisa da empresa Atlas/Bloomberg, de cada dez brasileiros, seis “têm pouco ou nenhuma” confiança na capacidade do sistema judiciário de aplicar a lei de forma justa e honesta.
Poderes: os líderes da desconfiança
O desempenho do órgão só não é pior que o do Congresso Nacional, em que mais de 80% dos brasileiros reprovam o trabalho dos parlamentares. Já o Executivo, na figura do governo petista, tem 55% de reprovação.
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