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Tagliaferro é indicado como testemunha de defesa de Filipe Martins

Em processo que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado, o ex-assessor internacional da Presidência Filipe Martins arrolou como testemunha de defesa o perito Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a presidência do ministro Alexandre de Moraes.

A informação foi publicada pela revista Veja neste domingo, 6, e confirmada por Oeste.

Tagliaferro foi citado em reportagens da imprensa depois do vazamento de mensagens que indicariam, segundo a defesa de Martins, um direcionamento seletivo nas decisões tomadas por Moraes. Os diálogos, revelados pela Folha de S.Paulo, envolvem também o juiz instrutor do Supremo Tribunal Federal (STF), Airton Vieira, e o juiz auxiliar do TSE, Marco Antônio Vargas.

Em uma das mensagens, datada de novembro de 2022, Vargas afirma: “Ele quer pegar o Eduardo Bolsonaro”, em referência ao deputado licenciado do PL. Em resposta, Tagliaferro escreveu: “Veja se o ministro vai gostar”, ao encaminhar um relatório com informações sobre o parlamentar.

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Segundo os envolvidos, a intenção era vincular o filho do ex-presidente ao influenciador argentino Fernando Cerimedo, responsável por um vídeo viral em que denuncia supostas fragilidades nas urnas eletrônicas e no sistema eleitoral brasileiro.

O Ministério Público apura se houve produção de relatórios internos no TSE a partir de ordens não oficiais para embasar decisões em processos conduzidos por Moraes, como o Inquérito das Fake News.

Martins está preso desde fevereiro de 2024, sob a justificativa de que teria deixado o país em uma viagem com a comitiva de Bolsonaro ao final de 2022. A defesa afirma que a viagem jamais ocorreu e contesta os documentos apresentados: o nome estaria grafado de forma incorreta e o número de registro seria de um passaporte perdido por Martins em 2021.

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“Estou sendo perseguido”, diz Tagliaferro a Oeste

Em entrevista exclusiva a Oeste, em agosto de 2024, Tagliaferro negou ter vazado mensagens atribuídas a auxiliares de Moraes. “Estou sendo perseguido”, afirmou o perito, que depôs à PF em São Paulo no dia 22 de junho.

Tagliaferro é citado em dez das 11 reportagens publicadas pela Folha de S.Paulo com base em mensagens trocadas por auxiliares da Corte. Segundo ele, nunca teve contato direto com os jornalistas responsáveis pelas matérias.

Ele nega qualquer relação com o vazamento: “Conheço Alexandre de Moraes, conheço antes de sua entrada no Supremo Tribunal Federal”, afirmou. “Conheço bem sua personalidade. Eu jamais teria coragem.”

Ministro Alexandre de Moraes em Sessão plenária do STF (12/6/2025) | Foto: Ton Molina/STFMinistro Alexandre de Moraes em Sessão plenária do STF (12/6/2025) | Foto: Ton Molina/STF
Ministro Alexandre de Moraes em Sessão plenária do STF (12/6/2025) | Foto: Ton Molina/STF

O ex-servidor afirmou que seu celular pode ter sido acessado indevidamente ao ter sido apreendido pela Polícia Civil de São Paulo em 2023, quando foi preso em um caso de disparo acidental de arma de fogo.

Ele relata que o celular foi apreendido de forma irregular e repassado entre órgãos sem controle. “Como um telefone, em seis dias, sai da Polícia Civil de Franco da Rocha, vai para a Polícia Federal de São Paulo, segue para Brasília, volta para São Paulo e depois retorna a Franco da Rocha?”, questiona.

Sobre sua atuação no TSE, Tagliaferro afirmou que nunca recebeu ordens diretas de Moraes. “Falei com o ministro três ou quatro vezes.” Segundo ele, as ordens vinham do juiz auxiliar Airton Vieira. Ao comentar o conteúdo das mensagens, questionou: “Sempre tive dúvida dos procedimentos, mas quem vai dizer não para o homem?”

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