O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, cobrou uma postura ativa do governo Lula em relação às negociações com os Estados Unidos. Em discurso no Congresso Brasileiro do Agronegócio, nesta segunda-feira, 11, em São Paulo, ele questionou a postura brasileira diante das sanções impostas recentemente pela Casa Branca.
“Quantas vezes vamos ter reuniões de alto nível no Departamento de Estado? Quantas vezes vamos ter a ligação do presidente brasileiro com o presidente americano? É isso que vai fazer a diferença. Para que a gente mostre e traga os argumentos”, disse o governador.
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Tarcísio avalia que a lei de reciprocidade, prevista para retaliações comerciais, “é aquele instrumento que tem, que você coloca na gaveta e que você não usa”. O governador ressaltou que o cenário internacional atual representa “uma janela de oportunidades” para o Brasil, mas criticou a condução do governo federal diante dessas possibilidades. Ele destacou a necessidade de o país “ir para a mesa de negociação”.


Para Tarcísio, o governo deveria abandonar a retórica de luta de classes. “A gente não pode ser o país que opõe fortes e fracos, que opõe ricos e pobres, que opõe empregados e empregadores. Isso não vai nos levar a lugar nenhum. Nós temos muitos potenciais”.
Ele destacou também a necessidade de o país aproveitar as chances de conquistar destaque internacional. “O mundo abriu uma janela de oportunidade para nós e a gente não está aproveitando. Essas oportunidades estão passando do nosso lado. Estão indo para outros países e a gente está ficando para trás.”
O governador comentou a relação comercial com a China e sugeriu equilíbrio na diplomacia. “O Brasil sempre tirou o americano para dançar. Sempre tirou o chinês para dançar. E nunca pediu nenhum dos dois casamentos. E assim sempre funcionou”, explicou.


No dia do anúncio feito por Trump sobre a taxação de 50% nos produtos brasileiros, em 9 de julho, Tarcísio afirmou nas redes sociais que “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”. No dia seguinte, em coletiva de imprensa, classificou o aumento das tarifas como “deletério, principalmente para aqueles Estados que têm produção industrial de maior valor agregado”.
Em seguida, o governador viajou a Brasília, onde comunicou o ex-presidente Jair Bolsonaro sua intenção de negociar diretamente com o encarregado de negócios dos EUA.
Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de…
— Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) July 10, 2025
Tarcísio também se reuniu com Gabriel Escobar, representante da embaixada norte-americana, em Brasília. Em 15 de julho, Escobar participou de reunião a portas fechadas com empresários e o governador no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Na ocasião, o representante sinalizou que os Estados Unidos poderiam negociar o tarifaço.
O governador afirmou que pretende contatar governadores de Estados norte-americanos para tentar amenizar a tarifa. As negociações dominaram os debates do Congresso Brasileiro do Agronegócio, sem a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que era esperado, mas não compareceu.
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