O mercado norte-americano é o principal destino das remessas internacionais da piscicultura brasileira, respondendo, em 2024, por 89% do volume exportado, o que resultou em US$ 52,2 milhões (aproximadamente R$ 290 milhões) em negócios.
O balanço é da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) que divulgou nota nesta sexta-feira (11) em que manifesta preocupação quanto à recente medida do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a aplicação de novas tarifas de 50% a produtos originários do Brasil.
“A medida atinge diretamente a cadeia da produção de peixes de cultivo no país, em especial a tilapicultura”, diz o texto.
De acordo com nota oficial da Associação Brasileira da Indústria de Pescados (Abipesca), algumas empresas já começaram a suspender contratos. Desde quinta-feira (10), 58 contêiners frigoríficos carregados com cerca de mil toneladas de peixes deixaram de embarcar em navios com destino a solo norte-americano.
Produção de peixe pelo país
Para dimensionar o tamanho do setor, a Peixe BR destaca que a piscicultura no Brasil está presente em 237.669 estabelecimentos rurais brasileiros, nos 27 estados da federação e em mais de 60% das cidades, gerando mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos.
Entre as espécies embarcadas aos Estados Unidos, a tilápia lidera, seguida pelo tambaqui. “Diante desse cenário, uma possível interrupção nas vendas externas, provocada pela ação do governo estadunidense, representa uma ameaça concreta à continuidade de contratos comerciais e, sobretudo, à manutenção de postos de trabalho em território nacional”, enfatiza a entidade.
Crescimento da tilapicultura
Nos últimos 11 anos, a tilapicultura cresceu mais de 10% ao ano, sendo a proteína animal com maior taxa de crescimento percentual no período.
De acordo com a nota da associação que representa o setor, a tilapicultura já enfrenta desafios com a possível entrada de pescados oriundos do Vietnã. “A imposição de restrições adicionais por parte dos Estados Unidos surge como mais um fator que agrava o ambiente de incertezas para o segmento”, diz o texto.
Para a Peixes BR, é fundamental que o governo federal atue com celeridade, acione os canais diplomáticos e busque o entendimento com as autoridades dos Estados Unidos.