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Tarifaço é obstáculo para utilização de açúcar de cana na fabricação de Coca-Cola

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou no dia 17 de julho que havia garantido da Coca-Cola um acordo para substituir o xarope de milho de alta frutose por açúcar de cana como adoçante em seus produtos. Essa medida pode ser entendida como parte da iniciativa do governo Trump chamada Make America Healthy Again (Torne a América Saudável Novamente), caracterizada, entre outros aspectos, pelo aumento da fiscalização sobre os elementos altamente processados da dieta dos americanos. No entanto, ameaças simultâneas de aumento das tarifas sobre importações do México e do Brasil colocam em risco a viabilidade comercial da reformulação proposta pela Coca-Cola, segundo a GlobalData.

Relatório da GlobalData revela quais setores de bens de consumo são mais afetados pelas tarifas em relações comerciais específicas e como as empresas desses setores serão impactadas. O documento também fornece insights sobre as reações dos consumidores diante das mudanças de mercado causadas pela imposição de tarifas.

As manchetes recentes indicam que a dependência dos EUA em relação às importações de açúcar pode ser muito prejudicial para fabricantes de bebidas como a Coca-Cola. Isso porque, nas últimas duas semanas, os EUA ameaçaram aplicar tarifas de 50% ao Brasil e de 30% ao México. Segundo o Observatory of Economic Complexity, o México forneceu 33% das importações de açúcar dos EUA, e o Brasil, 23%, diz Rory Gopsill, analista sênior de consumo da GlobalData.

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Do ponto de vista tarifário, o xarope de milho é mais vantajoso para os fabricantes de bebidas dos EUA do que o açúcar. Isso porque os EUA conseguem atender à demanda por xarope de milho com produção interna, enquanto dependem de importações para suprir a demanda por açúcar.

De acordo com o banco de dados da GlobalData, os EUA destinaram 36,5 milhões de hectares à produção de milho – mais do que qualquer outro país, exceto a China. Essa oferta doméstica robusta faz com que os EUA sejam grandes exportadores de milho, sem necessidade de importar o grão para abastecer sua indústria.

Por outro lado, os EUA importaram US$ 2,4 bilhões em açúcar bruto em 2023, enquanto
exportaram apenas US$ 230 milhões, conforme dados do Observatory of Economic Complexity. Embora sejam o segundo maior produtor de milho do mundo, os EUA ocupam apenas a 10a posição na produção de cana-de-açúcar, o que limita sua capacidade de suprimento doméstico e os torna dependentes das importações.

Aumento nos custos

Esse conflito de políticas coloca a Coca-Cola em uma posição delicada. Abandonar o xarope de milho – abundante e barato, graças a subsídios do governo americano – e adotar o açúcar de cana já implicaria custos com reformulação, novas negociações com fornecedores e possível rejeição por parte dos consumidores. Com o acréscimo de um aumento nos custos decorrente de barreiras comerciais, a proposta pode acabar se tornando inviável.

Gopsill conclui que uma das soluções para a Coca-Cola poderia ser aumentar a proporção de
suas bebidas produzidas no México, onde o açúcar de cana já é o adoçante padrão. Isso pode reduzir os custos com reformulação e adaptação da cadeia de suprimentos.

No entanto, evitar que as novas tarifas sobre importações mexicanas sejam incorporadas aos custos da empresa parece improvável, caso os EUA realmente implementem os 30% prometidos. Se os produtos compatíveis com o Acordo EUA-México-Canadá (USMCA) permanecerem isentos de tarifas, a Coca-Cola deve maximizar o volume de açúcar ou bebidas finalizadas importadas do México que se enquadram nas regras do acordo.

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