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Tarifaço: indústria paranaense com quase mil funcionários anuncia férias para toda a fábrica após cancelamento de pedidos dos EUA | Correio dos Campos

A indústria Randa, que fabrica portas, molduras e compensados em Bituruna, no sul do Paraná, anunciou que vai dar férias coletivas para todos os 800 funcionários que possui devido à tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

Ao g1, o CEO da empresa, Guilherme Ranssolin, explicou que 55% de toda a produção é destinada aos EUA – e que todos os pedidos feitos pelo país foram cancelados por conta do tarifaço.

De acordo com ele, 400 trabalhadores começaram o rodízio de férias coletivas há cerca de 15 dias, e os outros 400 sairão para o período quando os anteriores começaram a voltar ao trabalho. Com isso, metade da produção está parada.

Os produtos de madeira que a Randa exporta são alguns que não entraram na lista de isenções do tarifaço definido pelo presidente norte-americano.

A taxação iniciou nesta quarta-feira (6), mas foi anunciada no dia 9 de julho. Desde então, importadores começaram a rever compras que estavam previstas com empresas brasileiras.

Ranssolin explica que a Randa está com estoque parado por não ter conseguido embarcar diversos produtos, e optou por dar férias coletivas para todos os trabalhadores para tentar evitar demissões.

Marcela Dal Gallo é supervisora de exportação da Randa. Ela trabalha há mais de quatro anos na empresa e conta que as inseguranças econômicas atingem não só ela, mas toda a família que mora em Bituruna.

A cidade possui cerca de 15,6 mil habitantes e tem o setor madeireiro como um dos principais motores da economia.

“A loja do meu pai é do ramo de brinquedos e presentes, que é um setor que seria totalmente afetado, e da minha mãe é uma loja de construção. São coisas que você vai pensar duas vezes antes de comprar. Vai pensar antes em alimento, remédio, pra depois pensar em outras coisas”, avalia.

Paraná x EUA

De acordo com dados divulgados pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em 2024, o estado exportou cerca de US$ 1,58 bilhão aos EUA.

A maior parte dessas vendas, totalizando US$ 1,19 bilhão, foi de produtos dos setores da madeira, móveis, carne, café e mate, pescados, couro e calçados, mel, metalmecânico, siderurgia, cerâmica, papel e celulose e sucos. Juntos, esses segmentos são responsáveis por mais de 380 mil empregos diretos e 240 mil indiretos no estado.

De acordo com o Governo do Paraná, de janeiro a junho de 2025 o estado já totalizou US$ 735 milhões em exportações ao país norte-americano.

Setor madeireiro

De acordo com estimativas da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), o Paraná é um dos principais exportadores de produtos de madeira para os Estados Unidos.

O setor madeireiro gera cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos no estado, considerando os trabalhadores florestais e os que atuam em indústrias do segmento, aponta a associação.

A entidade também afirma que, em 2024, o Paraná exportou mais de US$ 627 milhões em produtos florestais. Entre os principais, estão molduras de madeira, painéis compensados, madeira cerrada e diferentes tipos de celulose, por exemplo.

Recentemente, a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), entidade representativa dos setores de madeira processada e de base florestal, emitiu um nota ressaltando que a maioria dos produtos do setor madeireiro não entrou na lista de isenções do tarifaço de Trump.

“A maioria dos produtos do setor, em especial os provenientes de florestas plantadas, não foram incluídos na lista de exceções divulgada no Anexo I da medida. Dessa forma, entendemos que a tarifa adicional de 40% incidirá sobre as alíquotas recíprocas já vigentes de 10% (implementadas em 2 de abril)”, explica.

A entidade reforça que a interpretação é preliminar, uma vez que os esclarecimentos definitivos sobre os procedimentos tributários só devem ser feitos com a publicação do guia de implementação pela Customs and Border Protection (CBP), órgão responsável pela aplicação das regras aduaneiras nos EUA.

Fonte: g1

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