O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, confirmou que as tarifas previstas para entrarem em vigor em 1º de agosto serão aplicadas conforme programado, sem prorrogações ou novos períodos de carência.
“Sem extensões, sem mais prazos”, afirmou o secretário durante entrevista à emissora norte-americana Fox News neste domingo, 27. “As tarifas estão definidas para 1º de agosto, entrarão em vigor, a alfândega começará a recolher o dinheiro, e é isso.”
Segundo Lutnick, o presidente Donald Trump está disposto a dialogar com grandes economias, mesmo depois da entrada em vigor das medidas. “Obviamente, depois de 1º de agosto, as pessoas ainda podem conversar com o presidente Trump”, disse. “Ele está sempre disposto a ouvir, e entre agora e lá, acho que o presidente vai conversar com muita gente.”
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No dia 9 de julho, Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que anuncia a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras ao país norte-americano a partir do dia 1º de agosto.
As tarifas anunciadas fazem parte de uma estratégia do governo norte-americano para pressionar parceiros comerciais e aumentar a arrecadação federal. Lutnick projetou que as tarifas poderiam gerar receitas entre “US$ 700 a 800 bilhões, talvez cheguemos perto de US$ 1 trilhão”, o que contribuiria para reduzir o déficit fiscal.
A União Europeia também está no centro das negociações comerciais. O presidente do bloco viajou à Escócia para discutir diretamente com Trump. “A Europa precisa fazer um acordo e quer fazer um acordo”, disse Lutnick. Segundo ele, a questão é “se eles oferecem ao presidente Trump um acordo bom o suficiente para que ele suspenda as tarifas de 30% que estabeleceu”.
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Tarifas como ferramenta de pressão internacional
Lutnick confirmou que, embora a equipe econômica prepare o terreno, “Trump faz suas negociações sozinho”. Ele também classificou a negociação com o Japão como “uma aula magna” e relatou que os japoneses aceitaram investir “US$ 550 bilhões em nossa infraestrutura de segurança nacional”.
O secretário abordou ainda as implicações das tarifas na política monetária. Ele criticou a hesitação do presidente do Federal Reserve, John Powell, em reduzir a taxa básica de juros em meio à incerteza econômica gerada pelas tarifas.
“Você está trazendo centenas e centenas de bilhões de dólares em receitas”, argumentou. “Isso é um benefício para a América que deveria fazer as taxas caírem, porque vamos tomar menos empréstimos.”


Em relação à China, Lutnick destacou a importância das conversas a serem conduzidas por Trump e pelo Secretário Bessent, que se reunirá com representantes chineses em Estocolmo. Um dos pontos de tensão nas negociações é a pressão para que Pequim pare de comprar petróleo de países sancionados como Irã e Rússia. “Eles vão discutir e resolver isso”, garantiu Lutnick.
O futuro do aplicativo TikTok também foi mencionado. Lutnick reafirmou que, embora Trump goste do aplicativo por sua popularidade entre jovens, a segurança nacional é prioridade. “Não se pode permitir que os chineses tenham um aplicativo em 100 milhões de telefones norte-americanos, isso simplesmente não é aceitável”, disse.
Por fim, o secretário comentou a possibilidade de um reembolso aos cidadãos, mencionada por Trump antes da viagem à Escócia. “O presidente está se sentindo fortalecido porque sua política tarifária está funcionando […] E se ele acha que vale a pena conversar sobre isso com o povo norte-americano, ele vai falar.”
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