As tarifas anunciadas por Donald Trump contra produtos brasileiros podem atingir em cheio empresários próximos ao PT. A Suzano Papel e Celulose é um desses exemplos.
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Walter Schalka presidiu a empresa de 2013 a 2024. Em 2022, quando ainda estava no cargo, o executivo assinou uma carta pública em apoio à candidatura de Lula à Presidência da República. Depois da volta do PT ao comando em Brasília, surgiram bons negócios para o grupo. Um dos melhores: mais crédito estatal. O extra nos empréstimos veio por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Ao longo de 2024, por exemplo, o BNDES emprestou R$ 3,4 bilhões para a companhia. Cerca de R$ 2,6 bilhões foram em um único contrato, um recorde nas operações entre o banco e a empresa — e isso depois de um ano de turbulência do caixa da companhia.
O faturamento caiu R$ 10 bilhões, na comparação de 2022 para 2023. Mas o valor não abalou a confiança da nova gestão do banco na hora de aprovar o empréstimo bilionário. A ajuda recorde veio em abril de 2024. Maior do que ela, o prejuízo no caixa da Suzano naquele trimestre do mesmo ano: R$ 3,7 bilhões.
BNDES para ‘campeões’
Depois que o PT chegou ao poder pela primeira vez, o BNDES virou sinônimo de dinheiro para a chamada política dos campeões. Em resumo: o pagador de impostos banca planos de empresários gigantes que a instituição entende como relevantes para o interesse nacional.
A seleção estatal alavancou empresas como JBS, Odebrecht e Camargo Corrêa. Esses nomes posaram tanto nas páginas de economia, por desempenhos espetaculares, quanto nas policiais, pelas relações nada republicanas de seus executivos com o Poder Executivo, em Brasília.
Impostos para a Suzano
Depois que Lula voltou ao poder, o BNDES liberou R$ 3,6 bilhões em crédito para a Suzano. Em tese, porém, é preciso faturar para pagar as parcelas — e a taxação de Trump pode ser um tiro na competitividade da empresa, provocando um grande furo no caixa da companhia.
Ao longo de 2024, as vendas no mercado norte-americano renderam R$ 6 bilhões — é o equivalente a 13% de todo o faturamento anual. Com o peso extra imposto pelo governo Trump, a empresa terá de optar: ou corta na própria carne ou reduz o apetite pela América.