Da alta valorização à queda de preços e prejuízos para os produtores de laranja. A variação no mercado citrícola brasileiro tem acumulado perdas, com o apodrecimento de toneladas de laranjas produzidas na região conhecida como Sealba, que abrange partes dos estados de Sergipe, Alagoas e Bahia.
Vídeos e fotos obtidos pelo Canal Rural Bahia mostram cargas inteiras de laranjas sendo descartadas na região de Rio Real, município que lidera a produção da fruta na Bahia.
De acordo com o tesoureiro da Associação de Desenvolvimento Tecnológico Citrícola do Nordeste (ADTCN), Fernando Braz, há também filas nas fábricas que processam a laranja, localizadas em Estância, em Sergipe.
A longa espera para o escoamento da produção também interfere na qualidade do produto, aumentando o volume de descarte.
Segundo a entidade, o problema — que já ocorria há alguns meses, devido à alta exigência de Brix (indicador da maturação da fruta; quanto maior, mais doce) e do Ratio (índice que mede a relação entre sólidos solúveis, como os açúcares, e a acidez da laranja) — se agravou com o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a taxação de 50% para produtos brasileiros. Com isso, indústrias produtoras de suco recuaram nos pedidos.
“Estamos enfrentando um problema muito grave, muito sério. As indústrias não estão moendo a laranja. Já vínhamos com esse problema, segurando muito tempo para moer, exigindo um Brix muito alto e um Ratio muito baixo. O Ratio é o amargor do suco, da fruta. Muitos produtores ficaram com a laranja esperando para moer mais tarde, e agora, com a taxação de 50% dos Estados Unidos, a situação piorou ainda mais”, explicou.
De acordo com Fernando, as indústrias estão operando com metade da capacidade, o que aumenta ainda mais as filas.
“Há muita laranja estragando nos caminhões, nas filas, muita laranja na roça caindo e isso vem prejudicando muito a nossa região”, disse Braz.
Como alternativa, os produtores de laranja, representados pela entidade, sugerem aos governos da Bahia e Sergipe e a abertura de uma Câmara Setorial da Citricultura.
“Uma das possibilidades seria o governo da Bahia, o governo de Sergipe atuar nisso, atuar de uma forma diferente, conseguindo novos caminhos, novas oportunidades de venda do suco, novas exportações, para que países que ainda não consomem o suco possam importar e tirar essa fila que nós temos”, finalizou.
A reportagem tentou contato com as secretaria de agricultura da Bahia e Sergipe, mas até o momento não obteve resposta. O espaço segue agerto para atualizações.
Impacto em cadeia
As importadoras de suco de laranja Johanna Foods e Johanna Beverage Company entraram com um pedido de alívio emergencial junto ao Tribunal de Comércio Internacional (CIT, na sigla em inglês) dos EUA contra a tarifa de 50% ao Brasil.
Trata-se de uma nova ofensiva do grupo para tentar conter a taxação ao país, responsável por mais da metade de todo o suco de laranja vendido nos EUA.
O pedido foi protocolado na terça-feira (23) conforme documento obtido pelo Estadão/Broadcast.
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