A decisão de taxar as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) é um contrassenso que expõe a miopia da política econômica brasileira. Em vez de estimular o setor que sustenta a balança comercial e movimenta a economia real, o governo escolhe apertar ainda mais quem já produz com poucos incentivos.
A comparação internacional é reveladora: os Estados Unidos, a União Europeia e a China despejam bilhões em subsídios agrícolas todos os anos. Já o Brasil oferece quase nada. Ainda assim, nossos produtores conseguem ser competitivos, exportando para mais de 170 países e garantindo cerca de 90% do superávit da balança comercial.
Em outras palavras, o agro dá muito mais ao Brasil do que recebe. Ao criar barreiras e desestimular investimentos por meio da taxação, o governo transmite um recado perigoso: que prefere sufocar o setor mais dinâmico da economia em vez de fortalecer sua capacidade de gerar riqueza.
O resultado é previsível. Menos crédito, menos investimento e menor competitividade no campo. Ao invés de colher crescimento e segurança alimentar, o país arrisca plantar instabilidade e perda de espaço nos mercados internacionais.
O Brasil precisa decidir se vai tratar o agronegócio como problema fiscal ou como a solução que ele já é. Penalizar as LCAs é dar um tiro no pé de toda a nação.


*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural
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