Durante o último Mundial de Clubes, o técnico do Chelsea, Enzo Maresca, declarou sua admiração pelo futebol brasileiro e revelou que teve conversas importantes com alguns técnicos de times do país, como Filipe Luís, do Flamengo, e Abel Ferreira, do Palmeiras. O italiano, porém, deixou clara sua predileção por outro nome: Renato Gaúcho.
Em entrevista antes da semifinal contra o Fluminense, o comandante dos Blues contou que já estudava o modelo de jogo de Renato há tempos, chegando inclusive a ver partidas do treinador nos tempos de Grêmio.
Em seu duelo contra Portaluppi, pela semi do Mundial, Maresca viu os Blues ganharem com autoridade em Nova Jersey. No entanto, isso não diminuiu em nada seu respeito pelo técnico tricolor – tanto é que, em entrevista depois do novo, ele fez novamente questão de exaltar o grande Mundial feito pela equipe das Laranjeiras.
Por tudo isso, o italiano não conseguiu esconder sua surpresa quando soube, durante entrevista exclusiva à ESPN, que Renato Gaúcho pediu demissão do Flu em 24 de setembro, pouco mais de dois meses depois da campanha histórica no torneio da Fifa.
Ao saber dos motivos que levaram à saída de Portaluppi, porém, o campeão mundial com os Blues mostrou entender perfeitamente a justificativa do colega de profissão.
Em sua coletiva do adeus, Renato criticou os “gênios da internet“, colocando a constante pressão das redes sociais como principal responsável por sua decisão de entregar o cargo nas Laranjeiras.
“A partir de agora, vai estar outro cara aqui, vocês vão fazer as mesmas perguntas pra ele e eu quero ver as respostas que ele vai dar, eu quero ver se ele vai colocar o time que o torcedor quer ou o time da cabeça dele”, disparou, na ocasião.
“Se o Fluminense estivesse mal no Brasileiro, eu não estaria saindo. Como o Fluminense está bem, vou sair pra descansar minha cabeça e deixar alguns gênios da internet continuarem falando de futebol, já que entendem pra caramba”, completou, antes de se levantar e deixar a entrevista – pouco depois, o time carioca oficializou a saída do treinador.
Na conversa com a ESPN, Maresca disse que compreende a insatisfação de Renato Gaúcho e fez coro ao discurso do colega.
O italiano também reclamou da agressividade das redes sociais e ressaltou que não tem conta em qualquer serviço. Justamente por isso, não lê nada do que é dito sobre ele na web.
“(Pressão das redes sociais) É algo muito complicado, porque hoje em dia qualquer pessoa pode dizer e escrever o que quiser. Então, eu acho que vai ser impossível parar com isso agora, porque as redes sociais permitem que qualquer pessoa fale com qualquer pessoa sobre qualquer coisa”, salientou.
“Como resolver isso? Pessoalmente, tenho sorte de não ter redes sociais, de não ler nada…”, seguiu.
“Sei perfeitamente que, se eu ganhar, eles provavelmente dirão que o técnico é bom e, se eu perder, provavelmente dirão que o técnico é muito ruim e que o clube tem que expulsá-lo. Mas estamos em uma era em que isso é impossível de evitar”, lamentou.
Ganhar ou cuidar dos jovens?
Na entrevista, Maresca ainda foi questionado pela reportagem sobre outra difícil missão que tem no Chelsea: como fazer para equilibrar o trabalho de evolução com os (muitos) atletas jovens do elenco, ao mesmo tem em que tem a “obrigação” de ganhar todos os jogos e títulos possíveis – até pelo investimento bilionário feito pelos donos da equipe londrina nos últimos anos no mercado da bola.
O treinador deixou claro que essa é a “parte mais difícil” do trabalho, já que, no futebol, a falta de vitória invariavelmente termina na demissão do comandante da equipe.
“(Equilibrar a busca por vitórias com trabalho de evolução com atletas jovens) É a parte mais difícil… Como você acabou de dizer, o futebol é um negócio que você precisa vencer, vencer e vencer, porque, se não ganhar, você não vai continuar. Ao mesmo tempo, você precisa melhorar jogadores muito jovens. E é um pouco do desafio que temos aqui”, ressaltou, antes de elogios a qualidade de seu plantel atual.
“Mas acho que, quando você tem a matéria-prima que temos aqui, que é a qualidade dos jogadores, você tem a possibilidade de melhorar sempre, e isso possibilita vencer o maior número possível de jogos”, analisou.
Perguntado se já vê seu Chelsea pronto para lutar pelo título da Premier League contra Arsenal, Liverpool e Manchester City, equipes com elencos mais experientes e estabelecidos, Maresca deixou no ar.
“Acho que temos que melhorar o que fizemos no ano passado, que é muito difícil melhorá-lo, porque vencemos a Conference (League), vencemos o Mundial de Clubes e terminamos em 4º na Premier League. Então, acho que o objetivo é ir jogo a jogo, passo a passo, para tentar melhorar o que foi feito no ano passado, o que fizemos no ano passado. Então, aonde chegaremos? Vamos ver…”, finalizou.


