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Técnico que levou Ponte Preta ao primeiro título nacional da história festeja conquista e admite: ‘Precisava furar a bolha’

O dia 25 de outubro de 2025 vai ficar para sempre na memória não só do torcedor da Ponte Preta, mas também do técnico Marcelo Fernandes, um dos grandes responsáveis pelo primeiro título nacional do clube campineiro em 125 anos de história.

O treinador assumiu a equipe em agosto em um dos momentos mais conturbados da temporada, superou salários atrasados, transformou o vestiário e fechou a campanha com chave de ouro: a tão sonhada conquista que veio com vitória por 2 a 0 sobre o Londrina, em pleno Moisés Lucarelli.

”Uma felicidade muito grande. Muito feliz, muito feliz mesmo. A hora que o árbitro apitou o fim do jogo passou um filme na cabeça… O tanto que a gente trabalhou, que a gente se dedicou, o que esses jogadores passaram, o que esse clube com essa história maravilhosa faltava conquistar esse primeiro título”, festejou o técnico em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.

”Tudo isso passa pela cabeça, ter feito um trabalho e ser reconhecido com resultados e com esse título acima de tudo. Foi muito importante. E muito legal para essa torcida, que merecia muito esse título”, completou.

Para a carreira de Marcelo, conquistar um título nacional como técnico era o que faltava para ele deixar para trás o rótulo de ”auxiliar do Santos”.

Afinal, entre idas e vindas, foram 13 anos trabalhando nesse cargo no Peixe. Durante esse período, teve uma rápida passagem como treinador da Portuguesa Santista e também dirigiu o Santos de forma interina, inclusive levando o clube ao título paulista de 2015.

”Eu precisava muito furar a bolha. Sempre tive bons números, títulos, tenho título como treinador do Santos, tenho título como auxiliar da casa de monte, e eu precisava tirar esse rótulo do Santos, de auxiliar. A gente furou essa bolha, mostramos nosso trabalho, não só eu, mas minha comissão, nesse aspecto de ser treinador. Com certeza a gente quer dar sequência na nossa carreira, uma carreira difícil, mas estamos muito motivados, com muita vontade de continuar e poder ajudar”, afirmou.

Muricy Ramalho: a inspiração

Bem antes de chegar ao Santos, ainda como zagueiro do Náutico, Marcelo Fernandes foi treinado por aquele que vinha a ser sua maior inspiração: Muricy Ramalho. Foi o professor, aliás, que o levou para o Peixe anos depois como parte da comissão técnica permanente do clube.

”A minha grande referência sempre foi e sempre será o Muricy Ramalho. É o cara que fui bicampeão com ele no Náutico, eu jogando e ele como treinador. Na bola foi quem me pegou pelo braço, me levou na rouparia para pegar material para ser auxiliar dele e do falecido Tatá”, lembrou.

”Minha referência é ele, minha conduta é igual a dele, a gente tem caráter, esse é o nosso carro-chefe, a gente não desvia conduta em nenhum momento e tem que encarar todos os problemas”, completou.

O reencontro com o Guarani

Antes de fazer história na Macaca, o treinador estava no Guarani. Assumiu o Bugre zerado na pontuação e na lanterna da Série C. Com 48,5% de aproveitamento em 11 partidas – quatro vitórias, quatro empates e três derrotas -, Marcelo Fernandes foi demitido justamente antes do dérbi campineiro.

Mas os caminhos iriam se cruzar lá na frente. Menos de um mês após deixar o Guarani, Marcelo Fernandes foi contratado pela Ponte Preta para substituir Alberto Valentim, que havia aceitado uma proposta do América-MG. Quis o destino que Macaca e Bugre caíssem no mesmo grupo do quadrangular final. E o treinador levou a melhor sobre o ex-clube, com duas vitórias – 1 a 0 no Brinco de Ouro da Princesa e 2 a 0 no Moisés Lucarelli.

“Nenhum receio. Muito pelo contrário. Eu tive a oportunidade no Guarani, onde peguei com zero pontos, em último lugar, e consegui deixar com 16 pontos, a dois pontos da classificação. Por motivos de perder um jogo em casa, pro Náutico, recebemos a notícia que ia ser desligado, vim pra casa procurando outro objetivo, quando a Ponte Preta me ligou eu não pensei duas vezes, pela camisa da Ponte, pela história da Ponte, pela cidade de Campinas, a gente estava muito habituado lá. Fui correndo. Lógico, a gente sabe que tinha um receio da torcida da gente ter vindo do rival, por mais que a gente tenha feito um bom trabalho surgia aquele receio. Mas com as seis vitórias seguidas e o dérbi no Brinco de Ouro, que ganhamos, todo mundo entrou na vibe da vitória e deu tudo certo”, lembrou.

“Eu jogando e como treinador participei de clássico contra Corinthians, São Paulo, Palmeiras… Mas igual a Campinas é uma coisa absurda. Cidade fica parada, é uma questão de honra de um lado e do outro. Eu fui desligado do Guarani um jogo antes do dérbi que foi 1 a 1, no Moisés, mas eu tive a satisfação depois de mudar de lado, pegar os dois dérbis e fazer dois grandes jogos, e duas grandes vitórias, que era pro placar ter sido mais elástico por tudo o que apresentamos nas duas partidas. Mas é realmente diferente. É muito legal você participar de um confronto desse, de uma cidade tão legal como é Campinas. Realmente é um dos jogos mais importantes do Brasil, com certeza”, afirmou Marcelo Fernandes.

O ”paizão” Marcelo

Na Ponte Preta, o treinador chegou em um momento conturbado. Por causa de atrasos salariais – que chegaram a mais de 100 dias -, alguns jogadores titulares deixaram o clube na reta final da primeira fase da Série C. Teve também greve por parte de quem ficou. Foi então que o estilo “paizão” de Marcelo Fernandes blindou o vestiário.

”A gente encurta muito as conversas, não tem negócio de fazer rodeio de nada, um mais um sempre vai ser dois. A gente tem que resolver logo as coisas que têm que ser resolvida, não dá para deixar nada no ar. Eu fui jogador e sei como é. O atleta gosta que se resolva as coisas, que a pessoa seja direita, honesta, isso é uma das coisas que eu tenho como pessoa, na minha vida, e isso facilita muito no dia a dia pra gerir um grupo”, contou.

O futuro: fica ou não na Ponte?

Marcelo Fernandes já escreveu seu nome na história da Ponte Preta. Seu contrato, porém, era válido apenas até o fim da Série C, período que coincide justamente com o processo eleitoral do clube.

Com futuro em aberto, o treinador recebeu sondagens de outros times, mas manteve a palavra de continuar na Macaca e agora aguarda os próximos capítulos para decidir se vai ou não permanecer à frente da equipe.

”Eu recebi algumas sondagens logo que a gente conseguiu o acesso e fui bem claro que não iria sair da Ponte por nada, pela oportunidade que tivemos, pelo momento que a gente estava vivendo, por estar com esses jogadores. Jamais poderia sair pra outra equipe depois daquele pacto que fizemos jogadores e comissão. Tomei a decisão certa, falei que ia cumprir meu contrato até o final”, disse.

”Tem eleição agora, muita coisa vai acontecer, a gente tem que aguardar. Vou tirar um tempo de férias com minha família, descansar um pouco e deixar que as coisas se encaminhem aos passos de Deus, não tenho pressa de nada, as coisas vão acontecer naturalmente. Sou muito feliz na Ponte e em Campinas, então ficar na Ponte não seria nada difícil, muito pelo contrário, até por tudo o que passei”, finalizou.

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