O tenente-coronel do Exército Alexandre de Almeida responde a um processo na Justiça Militar. As autoridades o acusam principalmente de desviar armas do serviço que ele próprio fiscalizava. Com a fraude, o militar pagou uma dívida de marcenaria em sua residência, no bairro da Urca, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Sob a condução do Ministério Público Militar (MPM), com acolhimento da 2ª Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária Militar, a denúncia aponta que Almeida liderava um esquema de apropriação indevida de armamentos sob controle das Forças Armadas. Segundo apuração que o jornal O Globo teve acesso, a rede de corrupção se estendeu por anos, envolvendo outros militares e civis.
Tenente-coronel pagou mais de R$ 21 mil em armas
Conforme a investigação, o oficial entregou ao marceneiro, que a ele prestou serviços, uma carabina, três pistolas e um revólver, como forma de pagamento por um trabalho no valor de R$ 21,5 mil. Alheio à origem ilícita dos produtos, o artesão registrou as armas em seu nome. Contudo, quando soube da situação ao ler reportagens sobre o caso, decidiu assim devolver o armamento voluntariamente às autoridades.
Além de Almeida, outras seis pessoas — entre elas militares da ativa e civis — aparecem na denúncia. Os crimes em questão incluem peculato qualificado, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas oficiais e posse ilegal de armas de uso permitido e restrito.
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As diligências realizadas pelo MPM e pelo Exército, entre 2019 e 2021, resultaram na recuperação de 458 armas. Muitas estavam em posse de civis que agiram de boa-fé, sem saber do desvio do material de origem militar.
Entre dezembro de 2016 e setembro de 2018, Almeida chefiou o Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados da 1ª Região Militar, com autoridade sobre o controle de armas nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Sua função incluía monitorar importação e comércio de armamentos, clubes de tiro, venda de explosivos e atividades de colecionadores, atiradores e caçadores (CACs).
Esquema falsificava registros
As investigações apontam que parte do material desviado vinha de famílias de militares falecidos. Pela Lei do Desarmamento, essas armas têm como destino a destruição, mas eram entregues a terceiros por meio da falsificação de registros no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (SIGMA), sem abertura dos procedimentos administrativos exigidos.
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