Orlando Luz, tenista 27 anos, encerrou sua campanha nas duplas masculinas em Roland Garros nesta quarta-feira (04), nas quartas-de-final. A dupla do brasileiro com o croata Ivan Dodig foi superada por 2 sets a 0, parciais de 6/2 e 7/6(4), pelo argentino Horacio Zeballos e o espanhol Marcel Granollers, cabeças de chave número 5.
O resultado é a o melhor da carreira de Orlandinho em Grand Slams e tem um sabor ainda mais especial por superar uma adversidade inesperada logo no início da campanha.
“Depois do primeiro jogo, eu perdi minhas lentes de contato e tive que começar a jogar de óculos a partir da 2ª rodada. Nunca tinha feito isso na minha vida”, revelou em entrevista exclusiva à ESPN.
“O feito acaba ficando maior ainda. Ninguém sabia até agora. Essa é a história dos óculos, foi um acaso. Acabei guardando minhas lentes na nécessaire dentro de outra bolsa igual no vestiário. Aqui tem muitas. Até hoje não encontrei. A gente se mobilizou entre os atletas para tentar encontrar, falamos com todo mundo, mas não deu certo”.
Em seu primeiro jogo e ainda com as lentes, Luz venceu por 2 sets a 1 os franceses Geoffrey Blancaneaux e Valentin Royer, convidados da organização.
Depois, com o sumiço das lentes, Orlando até tentou jogar sem, mas viu que seria impossível.
0:54
Brasileiro Orlando Luz joga pela primeira vez de óculos após perder lentes de contato em Roland Garros
Sem óculos ou lente, tenista enxerga só 20%
“Tive dois dias entre a primeira e segunda rodada. Eu treinei um dia sem óculos e vi que não tinha condições de entrar em quadra. Passou pela minha cabeça que eu não jogaria a segunda rodada. Jogar de óculos não era o ideal e não a perfeição, mas a gente conseguiu dar a voltar por cima”.
Com os óculos e seu parceiro Dodig, Luz venceu os alemães cabeças de chave número 3 Kevin Krawietz e Tim Puetz na 2ª rodada, e depois o brasileiro Fernando Romboli e o australiano John Patrick Smith nas oitavas de final.
“Eu tenho ceratocome, a visão de óculos não é igual à da lente, com os óculos tenho apenas 70% da visão. Estou feliz que com a cabeça eu me mantive firme que mesmo sem enxergar direito a bola, eu conseguiria vencer dos cabeças 3”.
“Eu tenho 7,5 no olho esquerdo e 4,5 no olho direito, tenho ceratocome. É mais complicado. A forma da córnea é diferente, acabo enxergando muito embaçado. Eu descobri tarde, quase tive que fazer transplante de córnea”.
“Quando eu tive que entrar na quadra óculos, foi muito tenso. Eu nunca tinha nem treinado de óculos, a profundidade é muito diferente. Até para dirigir a noite eu uso lente. Era o que tinha, as lentes já estão ficando prontas no Brasil”.