O Corinthians recebeu, na última segunda-feira, a condenação do CAS (Corte Arbitral do Esporte) por uma dívida de mais de R$ 45 milhões com Matías Rojas, meia que rescindiu seu contrato com o clube no ano passado.
O Timão, porém, pode ficar mais tranquilo com a possibilidade de sofrer um novo transfer ban.
A Gazeta Esportiva entrou em contato com Rafael Botelho, advogado que representa o atual jogador do Portland Timbers, dos Estados Unidos. Ele, ao contrário de outros credores do clube alvinegro, se diz aberto a negociar um acordo e evitar que o caso se transforme em uma nova punição.
Segundo Botelho, o seu escritório, PVBT Law, não tem “nenhum interesse” em provocar o transfer ban. Vale lembrar que o Corinthians já se encontra impedido de registrar atletas por conta de uma pendência de R$ 40 milhões com o Santos Laguna, do México, pela aquisição do zagueiro Félix Torres.
“Sim, a ideia é justamente encontrar a melhor forma de receber do Corinthians. O PVBT não tem nenhum interesse no transfer ban. O objetivo é achar uma solução para que o pagamento seja feito e evitar isso”, disse o representante em Rojas.
O Corinthians já abriu conversas com o estafe do paraguaio, mas a negociação, como publicou a reportagem na última terça, é embrionária. Segundo Rafael, ainda não há proposta do Timão na mesa.
A expectativa é que o papo com a diretoria alvinegra, presidida por Osmar Stabile, evolua nas próximas semanas.
“O Corinthians ainda não apresentou uma proposta formal de acordo ou de parcelamento, mas teremos mais conversas com o clube”, informou.
O valor da pendência originalmente era de R$ 40,4 milhões, mas sofreu um acréscimo de indenização e juros e saltou para R$ 45 milhões. O Timão tem cerca 45 dias para chegar a um acordo com o atleta e evitar um novo transfer ban.
Relembro o ‘caso Rojas’
O Corinthians foi condenado a pagar mais de R$ 40 milhões a Matías Rojas, que deixou o clube no fim de fevereiro devido ao não recebimento de valores referentes a direitos de imagem.
Rojas pôde solicitar a rescisão por causa de uma cláusula inserida na renovação do acordo, em janeiro, para pagamento dos valores atrasados. A cláusula em questão dava a Rojas a liberdade para deixar o Timão se o clube não cumprisse com o pagamento. E assim aconteceu.
O Corinthians parcelou a dívida de Rojas, mas já em fevereiro não pagou a segunda prestação. O jogador, então, acionou a cláusula e nunca mais apareceu no CT Joaquim Grava.
Além da cláusula pertinente ao inadimplemento, na mesma renovação da dívida, o Corinthians também aceitou uma cláusula de mitigação.
Na prática, isso significa que Rojas ganhou a possibilidade de cobrar todos os valores do contrato dele com o Corinthians, tanto a dívida passada quanto o que ele ainda teria a receber até 2027.
Conflito de versões sobre o ‘caso Rojas’
Então presidente do Corinthians, Augusto Melo imputou a culpa pela situação a Rubens Gomes, o Rubão, que à época ocupava o cargo de diretor de futebol.
A versão de Augusto Melo, no entanto, diverge do que dizem outros três participantes da negociação: Rubão, Rafael Botelho (advogado de Rojas) e Rozallah Santoro (diretor financeiro do clube na ocasião dos fatos).
Na contratação de Matías Rojas, em 2023, o Corinthians combinou de pagar US$ 1,8 milhão ao jogador em três parcelas, não iguais, nos meses de julho, setembro e dezembro.
O Corinthians sempre manteve o salário do meia em dia, daquilo que estava previsto em CLT, e chegou a pagar impostos das notas fiscais emitidas pelo atleta. As três parcelas, no entanto, não tiveram os depósitos feitos.
O valor chegou a R$ 5 milhões e a promessa final da gestão comandada por Duilio Monteiro Alves foi de fazer o pagamento no dia 26 de dezembro, o que também não aconteceu.
A defesa de Rojas começou a negociar os atrasos dos pagamentos no segundo semestre de 2023 e fez a primeira notificação oficial em dezembro. Após isso, até o fim de fevereiro, por diversas vezes, o Corinthians prometeu prazos que nunca foram cumpridos.
Nesse período, o valor saltou de R$ 5 milhões para R$ 8 milhões. Rojas aceitou receber em seis parcelas, sem juros, mas viu cair na conta apenas a primeira delas.
Mesmo depois de deixar o clube e ir à Fifa, Rojas, por meio de seu advogado, abriu a possibilidade de um acordo amigável sobre os R$ 8 milhões, com prazo maior, no intuito de cada um “seguir sua vida sem processos judiciais”, mas, como em outras oportunidades, segundo Rafael Botelho, o clube ignorou as mensagens e os e-mails enviados, algo que sempre gerou irritação no estafe.
Como foi a passagem de Rojas pelo Corinthians?
A passagem de Matías Rojas pelo Corinthians foi extremamente apagada. O paraguaio deixou o clube com 30 jogos disputados e nenhum gol marcado, além de três assistências.
Mais condenações pela frente?
Além dos casos de Rojas e Félix Torres, o Corinthians pode sofrer mais derrotas judiciais em breve. Há outras duas ações na qual o Timão já foi condenado pela Fifa, restando apenas a decisão da Corte Arbitral do Esporte. São elas:
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R$ 6,76 milhões ao Shakthar Donetsk pelo empréstimo de Maycon
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R$ 23,3 milhões ao Talleres pela contratação de Rodrigo Garro
Recentemente, o presidente do Talleres, Andrés Fassi, se mostrou irritado pelo não pagamento da pendência envolvendo Garro e rejeitou a chance de fazer um acordo.