Pesquisadores do Hospital Geral de Toronto, no Canadá, e da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, obtiveram resultados inéditos ao testar um novo medicamento. Trata-se do zimislecel, dado a pessoas com diabetes tipo 1 de difícil controle.
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No estudo, células foram transformadas em partículas e implantadas no organismo dos participantes por meio de um vaso sanguíneo ligado ao fígado. O ensaio clínico, realizado com 14 voluntários, começou quando dois deles receberam metade da dose prevista para assegurar a segurança do tratamento.
Como não houve reações adversas graves, os outros 12 participantes receberam a dose completa do medicamento. Todos precisaram tomar anti-inflamatórios para evitar rejeição das células implantadas, e foram monitorados por mais de um ano.
Resultados do tratamento de diabetes
Depois de 12 meses, dez dos 12 pacientes que receberam a dose integral deixaram de precisar de aplicações de insulina — o que corresponde a 83% do grupo. As pessoas são acompanhadas para avaliar os efeitos a longo prazo.
Nenhum dos voluntários voltou a apresentar episódios graves de hipoglicemia — condição que pode causar confusão mental, convulsões ou necessidade de hospitalização. Além disso, todos os participantes tratados com a dose cheia mostraram melhor controle da glicemia, com índices de hemoglobina glicada inferiores a 7%.


Segundo a Mayo Clinic, valores abaixo de 5,7% são considerados normais, enquanto de 5,7% a 6,4% indicam pré-diabetes, e acima disso, diabetes. O tempo em que os níveis de açúcar permaneceram dentro da faixa ideal aumentou entre os pacientes. A variação da glicemia diminuiu, o que reduziu o risco de complicações.
“Dez dos 12 pacientes atingiram a independência da insulina”, afirmou em comunicado o autor principal do estudo, Trevor Reichman. “Isso significa que eles não estão mais controlando a doença. Em muitos casos, eles estão livres da insulina pela primeira vez desde o diagnóstico.”
Segurança, próximos passos e perspectivas futuras
A maior parte dos efeitos colaterais foi considerada leve ou moderada. Não houve registro de reações graves relacionadas ao tratamento. Dois participantes morreram durante o estudo, mas as investigações concluíram que as mortes não tiveram ligação com o zimislecel.
O estudo, financiado pela Vertex Pharmaceuticals, avança agora para a última fase, que deve envolver 50 voluntários. A previsão é que novas doses sejam aplicadas nos próximos meses. Caso os resultados positivos se confirmem, a expectativa é de que o medicamento seja submetido para aprovação regulatória em 2026.


A diabetes tipo 1 ocorre quando o sistema imunológico destrói as células do pâncreas que produzem insulina. Isso exige manejo rigoroso e contínuo da glicose para evitar complicações crônicas.