Durante discurso na Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva combinaram de se encontrar na próxima semana. Trump relatou ter abraçado Lula nos corredores da sede das Nações Unidas e disse ter achado o brasileiro “um cara muito legal”.
O gesto de cordialidade veio logo após o discurso de Lula, que criticou as sanções impostas pelos EUA ao Brasil, acusando Washington de promover ingerência em assuntos internos. O contraste simboliza o momento delicado das relações bilaterais, marcadas por uma escalada de atritos nos últimos três meses.
Sanções e vistos revogados
Desde julho, os Estados Unidos têm ampliado restrições contra autoridades brasileiras ligadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida incluiu a revogação de vistos e a imposição de sanções sob a Lei Magnitsky contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, acusado por Washington de abuso de poder, prisões arbitrárias e processos politizados. Mais recentemente, a esposa do magistrado, Viviane Barci, e o Instituto Lex, ligado à família, também foram alvos.
O Itamaraty reagiu às medidas, classificando-as como “tentativa de ingerência indevida”. Lula, por sua vez, tem criticado publicamente os EUA, afirmando que as sanções violam a soberania brasileira.
Tarifas e retaliações comerciais
Além das sanções, Trump adotou uma postura mais dura no comércio. Os EUA aplicaram tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras, atingindo diversos setores. O Brasil reagiu acionando a Organização Mundial do Comércio (OMC) e sinalizou que poderá adotar medidas de reciprocidade autorizadas pela legislação nacional.
Impactos no mercado
As tarifas têm gerado preocupação entre exportadores brasileiros, que veem risco de perda de competitividade nos EUA, um dos principais destinos de produtos nacionais. Há ainda receio de efeitos inflacionários internos, caso os custos sejam repassados à cadeia produtiva.
Apesar das tensões, Trump adotou tom conciliador em Nova York, ressaltando a boa relação pessoal com Lula e prometendo um diálogo direto na próxima semana. O encontro, no entanto, deve ocorrer em meio a um ambiente de forte desconfiança e disputas comerciais.