O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou, nesta sexta-feira, 11, não ter intenção de negociar imediatamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Trump condicionou qualquer diálogo ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu na Justiça brasileira.
Questionado na Casa Branca sobre a possibilidade de rever o imposto de 50% sobre produtos brasileiros, anunciado na quarta-feira 9, Trump declarou que pode conversar com Lula, mas não neste momento. O presidente dos EUA justificou sua posição ao dizer que o petista estaria sendo “muito injusto” com Bolsonaro.
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“Talvez em algum momento eu fale [com Lula], mas agora não vou. Ele está tratando o presidente Bolsonaro de forma muito injusta”, afirmou em entrevista coletiva. “Eu o conheço bem. Negociei com ele”, comentou Trump, sobre Bolsonaro. “Ele é um negociador muito duro. Posso dizer que ele é um homem muito honesto e que ama o povo brasileiro.”
🚨Brasil 🇧🇷/EUA 🇺🇸: Trump diz a jornalistas que “Bolsonaro é honesto e ama o seu povo” pic.twitter.com/LxkMSx87c3
— Ivan Kleber (@lordivan22) July 11, 2025
A Casa Branca formalizou a imposição das tarifas por meio de carta encaminhada ao governo do Brasil. O documento, que prevê o início da cobrança em 1º de agosto, cita como principal motivo o que Trump chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro.
O presidente norte-americano classifica o julgamento do ex-presidente brasileiro como “vergonha internacional” e defendeu a suspensão imediata do processo judicial. “Eu sei quem são os honestos e os desonestos”, afirmou Trump na entrevista desta sexta-feira.
O Palácio do Planalto, por sua vez, descartou a possibilidade de negociações políticas sobre as tarifas, que vinham sendo discutidas em âmbito técnico até a interrupção causada pela carta de Trump. Representantes do Brasil consideram que as razões econômicas e técnicas devem prevalecer, sem influência de pressões externas.


Aliados de Bolsonaro buscam apoio no governo Trump
O ex-estrategista da Casa Branca e expoente do movimento MAGA, Steve Bannon, declarou nesta quinta-feira, 10, que as tarifas poderiam ser suspensas caso o Brasil encerrasse os processos judiciais contra Bolsonaro. “Derrubem o caso, derrubamos as tarifas”, afirmou Bannon, que, apesar de não ocupar cargo formal no atual governo Trump, segue próximo ao círculo de influência do presidente dos EUA.
Nos últimos seis meses, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o comentarista político Paulo Figueiredo intensificaram esforços em Washington para apresentar Bolsonaro e seus aliados como alvos de perseguição política. Eles dialogaram com parlamentares e membros do governo Trump, inclusive representantes do Departamento de Estado, Justiça, Tesouro e Comércio.
Segundo aliados de Bolsonaro, já havia uma mobilização para que Trump manifestasse apoio ao ex-presidente e adotasse medidas contra o governo Lula. Na segunda-feira 7, Trump fez uma publicação em defesa de Bolsonaro na Truth Social e, dois dias depois, oficializou as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.