O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou, nesta segunda-feira, 11, um decreto prorrogando por mais 90 dias a suspensão das tarifas norte-americanas sobre importações chinesas. A informação é da Casa Branca. A trégua, que venceria nesta terça-feira, 12, estava em pauta desde maio. Já havia indícios sobre a possibilidade dessa prorrogação.
Em Washington, Trump evitou principalmente confirmar pela manhã a medida. Ele disse à imprensa: “Veremos o que acontece”. Ainda assim, elogiou a postura dos chineses nas negociações. “Estamos lidando muito bem com a China”, disse. “Como vocês provavelmente já ouviram, eles têm tarifas enormes que estão pagando aos Estados Unidos.”
Trump: soja no centro das negociações
No domingo 10, o republicano havia solicitado a Pequim que multiplicasse por quatro o volume de compras de soja norte-americana. Assim, houve um aumento imediato na cotação do produto na Bolsa de Chicago. Não ficou claro, contudo, se o aumento nas importações fez parte de um acordo para estender a trégua.
A China é o maior comprador mundial de soja. Em 2024, o país importou pouco mais de 100 milhões de toneladas. Menos de um quarto desse total saiu dos Estados Unidos. A maior parte tem como fornecedor o Brasil. Atender à solicitação de Trump significaria trocar parte dos produtores brasileiros pelos norte-americanos no abastecimento chinês.
O acordo comercial firmado em maio reduziu temporariamente as tarifas recíprocas. Os EUA baixaram de 145% para 30% as taxas sobre produtos chineses — sendo 10% de tarifa básica e 20% relacionadas ao tráfico do fentanil. A China reduziu de 125% para 10% as tarifas sobre mercadorias norte-americanas e suspendeu medidas não tarifárias contra Washington.
A disputa entre as duas maiores economias do mundo começou em 2018, quando o governo Trump acusou Pequim de práticas comerciais desleais, como subsídios a empresas estatais, barreiras a produtos estrangeiros e suposto roubo de propriedade intelectual. Desde então, ambos os países adotaram tarifas bilionárias sobre bens do outro, afetando setores como tecnologia, agricultura e manufatura. Apesar de rodadas de negociações e acordos parciais, as divergências persistem. A trégua anunciada agora é mais um capítulo de uma disputa que, além de impacto econômico, tem forte peso geopolítico.
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