Desde o começo do segundo mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já estabeleceu contato com líderes de mais de 30 países. Essas conversas ocorreram por meio de reuniões presenciais ou ligações telefônicas. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, está fora desse grupo.
Entre os países com maior interlocução com Trump estão o Reino Unido, com sete encontros ou ligações, e Israel, com seis. O premiê britânico Keir Starmer lidera o ranking: conversou pessoalmente com Trump em quatro ocasiões e dialogou por telefone outras três vezes. O segundo colocado é o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, com quem Trump falou seis vezes.
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Trump também manteve diálogo frequente com Canadá (seis vezes), Rússia (5), Ucrânia (5), México (4) e Índia (3). No campo das reuniões presenciais, já se encontrou com 21 chefes de Estado, incluindo os presidentes Javier Milei (Argentina) e Daniel Noboa (Equador), ambos de orientação liberal ou conservadora.
Por ora, não há nenhum sinal de aproximação entre Brasília e Washington. Desde a posse, nem Lula nem Trump demonstraram interesse em estabelecer contato. As poucas declarações públicas entre ambos limitaram-se a gestos protocolares, como a saudação de Lula ao republicano depois da vitória eleitoral.


O histórico de provocação de Lula a Trump
O distanciamento entre Lula e Trump é resultado das sucessivas provocações feitas pelo presidente brasileiro ao governo norte-americano. O petista radicalizou o discurso e adotou medidas que confrontam diretamente Washington, enquanto Trump evita até citar o nome do homólogo brasileiro.
Durante a cúpula do Brics, Lula reforçou seu projeto de enfraquecer o dólar no comércio internacional. Na ocasião, defendeu abertamente o uso de moedas locais como alternativa à moeda norte-americana. Washington interpretou essa atitude como uma afronta direta. Em resposta, Trump anunciou a aplicação de tarifas de 10% contra países que adotarem “políticas antiamericanas”. Lula ironizou o republicano ao afirmar que “nenhum gringo dará ordens ao Brasil”.


Na semana passada, Trump subiu o tom: decretou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Ele alegou que tal medida é uma represália à perseguição judicial que Lula e seu governo promovem contra Bolsonaro. Trump, no entanto, evita entrar em embates diretos e limita-se a afirmar que poderia, “algum dia”, conversar com Lula. “Mas não agora”, salientou.
Outro foco de tensão foram as deportações. Ainda no começo de seu mandato, Trump retomou a política de devolver brasileiros ilegais em voos considerados “humilhantes” pelo Itamaraty, com o uso de algemas e restrições. Lula aproveitou o episódio para atacar mais uma vez o governo norte-americano em discursos públicos.
O petista também alimentou o confronto ao apoiar resoluções internacionais contra Israel, aliado direto dos EUA, e ao incentivar articulações com a China e a Rússia em temas que incomodam Washington.
Contatos do presidente dos EUA com líderes estrangeiros
- 10/4 – Suíça: Keller-Sutter, presidente (Partido Liberal Radical da Suíça, direita) — ligação
- 10/6 – Israel: Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro (Likud, direita) — ligação
- 10/3 – Reino Unido: Keir Starmer, primeiro-ministro (Partido Trabalhista, centro-esquerda) — ligação
- 11/2 – Jordânia: Abdullah 2º, rei (sem partido) — presencial
- 12/2 – Rússia: Vladimir Putin, presidente (sem partido, esquerda) — ligação
- 12/3 – Irlanda: Micheál Martin, primeiro-ministro (Fianna Fáil, centro) — presencial
- 13/2 – Índia: Narendra Modi, primeiro-ministro (Partido do Povo Indiano, direita) — presencial
- 13/6 – Reino Unido: Keir Starmer, primeiro-ministro (Partido Trabalhista, centro-esquerda) — ligação
- 13/6 – Qatar: Tamim bin Hamad al-Thani, emir (sem partido) — ligação
- 13/5 – Qatar: Tamim bin Hamad al-Thani, emir (sem partido) — presencial
- 13/5 – Arábia Saudita: Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro (sem partido) — presencial
- 14/4 – El Salvador: Nayib Bukele, presidente (Nuevas Ideas, direita) — presencial
- 14/6 – Rússia: Vladimir Putin, presidente (sem partido, esquerda) — ligação
- 14/5 – Síria: Ahmed al-Sharaa, presidente (sem partido) — presencial
- 16/7 – Bahrein: Hamad bin Isa Al Khalifa, rei (sem partido) — presencial
- 16/6 – Itália: Giorgia Meloni, primeira-ministra (Irmãos de Itália, direita) — presencial
- 16/6 – Canadá: Mark Carney, primeiro-ministro (Partido Liberal, centro-esquerda) — presencial