O presidente dos EUA, Donald Trump, já negociou tarifas — e aceitou reduzir os porcentuais — com China, Japão e União Europeia. O Brasil, no entanto, nem é recebido, conforme informou o próprio governo na semana passada. Luiz Inácio Lula da Silva disse que ninguém quer conversar com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, encarregado da negociação.
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Europeus, chineses e japoneses, depois de receberem a carta com as novas tarifas comerciais de Trump, aguardaram as negociações. O Brasil voltou-se contra Trump. Lula fez uma série de declarações públicas consideradas afrontosas ao presidente norte-americano.
A tarifa sobre os produtos brasileiros — de 50% — foi a maior imposta pelos EUA. Aqui, além de fatores comerciais, Trump considerou a perseguição judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que ele chamou de “caça às bruxas”, e os avanços do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a liberdade de expressão, ao censurar empresas e cidadãos norte-americanos.
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Neste domingo, tanto Trump quanto o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disseram que as tarifas começam a valer no dia 1º, sem exceções.
Neste domingo, 27, Trump confirmou um entendimento com a União Europeia, depois de reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Edimburgo, Escócia.
“A UE vai concordar em comprar dos EUA US$ 750 bilhões em energia”, afirmou Trump. Ele acrescentou que o bloco também investirá US$ 600 bilhões a mais nos EUA. Von der Leyen destacou que o acordo visa a “reequilibrar, mas permitir o comércio de ambos os lados”.
Antes da UE, os EUA já tinham fechado acordos semelhantes com outros parceiros. O Japão firmou compromisso de investir US$ 550 bilhões nos Estados Unidos, sendo que a maior parte do lucro ficará no país norte-americano. Além disso, foi acordada redução nas tarifas sobre importações japonesas, que passaram de 25% para 15%.
O Reino Unido, por sua vez, garantiu cotas para exportação de automóveis e conseguiu diminuição das tarifas sobre aço, etanol e carne para 10%, além da retirada total das taxas no setor aeroespacial.
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Outro entendimento ocorreu com a China, em 12 de maio, e as tarifas foram mutuamente suspensas por 90 dias. Durante esse período, Pequim diminuiu taxas sobre produtos norte-americanos de 125% para 10%, enquanto Washington reduziu de 145% para 30%. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou: “Podemos conseguir um grande e lindo reequilíbrio com a China”.
No sudeste asiático, as Filipinas celebraram acordo para estabelecer tarifas de 19% sobre produtos exportados, índice igual ao acordado com a Indonésia e 1 ponto porcentual abaixo do Vietnã, que ficou em 20%. No caso indonésio, apenas as exportações do país foram taxadas, sem contrapartidas para os produtos norte-americanos. O Vietnã aceitou abrir seu mercado aos EUA sem imposição de tarifas.
Investigação contra o Brasil
Além da maior tarifa entre todos os países, o governo norte-americano também anunciou uma investigação sobre práticas comerciais. O Escritório do Representante de Comércio dos EUA já começou a apurar denúncias de práticas desleais.


Fazem parte da investigação temas relacionados ao Pix, ao comércio na Rua 25 de Março e à atuação de redes sociais norte-americanas no país. A investigação, baseada na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, também aborda questões como o desmatamento ilegal, a demora na concessão de patentes e o acesso ao mercado de etanol.