Uma possível reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com seus homólogos da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pode ocorrer na próxima semana.
O objetivo do encontro do trio seria avançar nas negociações para um cessar-fogo no conflito iniciado em fevereiro de 2022. As informações divulgadas por veículos da imprensa norte-americana nesta quarta-feira, 6.
Fontes ouvidas pelo jornal The New York Times e pela emissora CNN relataram que Trump pretende que apenas ele, Putin e Zelensky participem dessa conversa. O republicano quer deixar de fora da reunião representantes de países europeus e outros mediadores.
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A exclusão do possível encontro se dará até com autoridades da Turquia, que vinha sediando reuniões entre russo e ucranianos, mas sem obter avanços. Até o momento, representantes de Putin e Zelensky não confirmaram oficialmente a participação da reunião idealizada por Trump.
Posicionamentos de Trump, Putin e Zelensky
Zelensky não mencionou diretamente a proposta do encontro em suas redes sociais, limitando-se a defender o fim dos combates e ressaltar que a Ucrânia manterá sua independência. Segundo ele, cabe à Rússia “encerrar o conflito que começou”.
Right on my way from our brigades here in Sumy region, I spoke with President Trump. This conversation happened after President Trump’s representative, Steve Witkoff, visited Moscow.
Our joint position with our partners is absolutely clear – the war must end. And it must be done… pic.twitter.com/NOxZPAdSr2
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 6, 2025
O governo russo ainda não se pronunciou sobre a possibilidade de reunião. Karoline Leavitt, secretária de Imprensa da Casa Branca, afirmou que Moscou demonstrou interesse em um encontro entre Putin e Trump, sem citar Zelensky. Já Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, condicionou negociações a avanços prévios entre representantes russos e ucranianos.
O anúncio da intenção de Trump acontece próximo ao término do prazo estabelecido pela Casa Branca para que Moscou aceite um cessar-fogo incondicional de 30 dias. Caso não haja acordo, Washington ameaça impor sanções econômicas rigorosas à Rússia, além de penalizar países que mantenham trocas comerciais com os russos, como o Brasil.


Impacto das sanções dos EUA a aliados da Rússia
Essas possíveis sanções secundárias poderiam elevar tarifas em até 100% sobre exportações desses países para os EUA. O governo norte-americano confirmou, nesta quarta-feira, 6, a aplicação de uma tarifa de 25% à Índia, maior compradora do petróleo russo, somando-se a outra tarifa de 25% já em vigor. Trump chegou a afirmar que a Índia deixaria de comprar petróleo russo, mas o governo indiano negou essa possibilidade.
“Nossas relações bilaterais com vários países se sustentam por mérito próprio e não devem ser vistas pelo prisma de um terceiro país”, disse Randhir Jaiswal, porta-voz da chancelaria indiana, em entrevista coletiva. Ele ressaltou que a parceria entre Índia e Rússia permanece estável.
A China, principal destino das exportações russas de energia, também pode ser impactada pelas novas tarifas. No entanto, até agora, Pequim não sinalizou mudanças em sua política de importações.
“A China provavelmente manterá as importações aproximadamente no nível atual, uma vez que já fez sua escolha geopolítica: o confronto com os Estados Unidos”, afirmou Alexey Belogoryev, diretor de pesquisa do Instituto de Energia e Finanças, à agência de notícias russa RIA Novosti. “E um aumento adicional de 25% nas tarifas é apenas mais uma questão nas negociações que serão discutidas, nada mais. Definitivamente, esta não é uma decisão crucial para a China.”
O Brasil, importante comprador de óleo diesel russo, também enfrenta o risco de sofrer novas tarifas, além dos 50% já vigentes a partir desta quarta-feira, 6. O fornecimento de fertilizantes russos é vital para o agronegócio brasileiro, e eventuais sanções podem agravar ainda mais a situação do setor, que já sente os efeitos das medidas norte-americanas.
Analistas alertam que sanções sobre o setor energético russo podem impactar a economia dos próprios EUA. A Rússia, terceira maior produtora mundial de petróleo, exporta 7 milhões de barris diários, volume difícil de substituir a curto prazo. Isso pode provocar alta global da inflação e abalar laços econômicos com Índia e China, que em 2024 exportaram para os EUA cerca de US$ 540 bilhões em produtos variados.
Leia também: “O negociador”, artigo de Adalberto Piotto publicada na Edição 280 da Revista Oeste