O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou estar decepcionado com o governante da Rússia, Vladimir Putin, em entrevista publicada nesta terça-feira, 15. “Não confio em quase ninguém”, afirmou à emissora BBC. Mesmo assim, o republicano deixou claro que não perdeu totalmente a esperança de um acordo com o líder russo.
No telefonema de 20 minutos, realizado do Salão Oval da Casa Branca, Trump relatou tentativas frustradas de negociar um cessar-fogo com Moscou em pelo menos quatro ocasiões. A entrevista aconteceu por ocasião do aniversário de um ano do atentado sofrido em Butler.
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“Não gosto de pensar se isso me mudou”, disse Trump sobre o impacto da tentativa de assassinato em sua conduta. Para ele, remoer o episódio “poderia ser transformador”. O presidente dos EUA também ressaltou seu apoio à Otan, organização que já foi alvo de críticas suas no passado.


A aliança militar era considerada obsoleta por Donald Trump. “Acho que a Otan está se tornando o oposto disso”, afirmou, ao mencionar a maior autonomia financeira da organização. O presidente norte-americano defendeu o princípio de defesa coletiva, sob o argumento de que protege os países menores.
Quanto à relação com Putin, Trump estar “decepcionado”, mas afirma não ter desistido de tentar uma negociação. Questionado sobre como convenceria o líder russo a interromper os ataques à Ucrânia, respondeu: “Estamos trabalhando nisso”. O presidente descreveu conversas otimistas com o russo, que no entanto foram seguidas por novos ataques a Kiev.
O cenário no leste europeu permanece tenso, com a Rússia intensificando bombardeios sobre cidades ucranianas, que provocam recordes de vítimas civis. Moscou ainda defende que ameaças externas justificam suas ações, enquanto insiste na necessidade de resolver o que considera “causas principais” do conflito.


Rússia minimiza ameaças de novas sanções de Trump
Nesta segunda-feira, 14, Trump ameaçou tarifas de 100% à Rússia e parceiros comerciais caso não haja acordo de paz em até 50 dias. As ameaças norte-americanas provocaram reações imediatas.
O vice-chanceler Sergey Ryabkov criticou a postura dos EUA e rejeitou imposições. Sergey Lavrov, chanceler, afirmou não ter dúvidas de que a Rússia suportará novas sanções. Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança, ironizou: “A Rússia não se importou”, escreveu no X. O Kremlin, no entanto, classificou as declarações como “sérias” e prometeu analisá-las antes de responder.
As autoridades russas reiteraram disposição para negociações diretas, mas impasses persistem, pois o Ocidente considera inaceitáveis as exigências de Moscou, como a cessão de cerca de 20% do território ucraniano. O Ministério das Relações Exteriores russo criticou o envolvimento da Otan nas entregas de armas à Ucrânia.
Trump issued a theatrical ultimatum to the Kremlin.
The world shuddered, expecting the consequences.
Belligerent Europe was disappointed.
Russia didn’t care.— Dmitry Medvedev (@MedvedevRussiaE) July 15, 2025
A postura mais firme de Trump agradou a representantes europeus. Kaja Kallas, chefe da diplomacia da União Europeia, avaliou positivamente a nova abordagem norte-americana, mas criticou o prazo de 50 dias para um ultimato, por considerá-lo longo diante da escalada de mortes civis no conflito.
Na área militar, o Pentágono havia suspendido certos envios, mas Trump confirmou o direcionamento novos sistemas Patriot à Ucrânia, inclusive baterias fornecidas por países membros da Otan. “Teremos alguns chegando muito em breve, dentro de alguns dias… alguns países que possuem Patriots farão a troca e substituirão os Patriots pelos que já possuem. É um complemento completo”, afirmou Trump, segundo a BBC.
Desde o início de seu novo mandato em janeiro de 2025, o republicano alternou entre tentativas de aproximação com Putin e críticas mais recentes, seguidas pelo envio de armas à Ucrânia e declarações públicas de decepção com Moscou. Recentemente, chegou a chamar Putin de inútil e condenou ataques russos à Ucrânia.
Em fevereiro, Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky protagonizaram um confronto verbal na Casa Branca, que levou ao cancelamento da reunião e à saída antecipada de Zelensky.