Outra vez estamos tendo de aprender com os de fora como lidar com nossos problemas. De novo, teve de vir o papai Sam para tentar colocar ordem na nossa baderna e estapafúrdia governança. Não precisa ser um jurista primoroso… aliás, não precisa sequer se gabar de uma mediana inteligência para notar que os imparáveis avanços ditatoriais de Alexandre de Moraes são um verdadeiro estupro não só à Constituição brasileira, mas aos direitos humanos, aos tratados internacionais e até, vejam só, às garantias jurídicas soberanas dos EUA.
Meu Deus, Moraes tentou agir juridicamente em solo norte-americano para censurar residentes permanentes daquele país, investiu o poder de nosso Supremo Tribunal Federal para calar empresas norte-americanas; trata-se de uma juridicopatia alucinante. Você realmente pensou que os EUA assistiriam a tudo de braços cruzados? Além do óbvio desastre diplomático instaurado pela falta de profissionalismo que tomou o Itamaraty — mais notável nas últimas semanas —, o governo brasileiro não tem a mínima capacidade técnica para lidar com os avanços geopolíticos dos Estados Unidos. E não se trata de munição jurídica e política para revidar, mas de apoio internacional mesmo; os parceiros de Lula, como Rússia, China e França, literalmente deixaram o nosso presidente petista com o dedão na boca a chorar seus discursos ideológicos de Guerra Fria. O Brasil, hoje, é uma figura política patética, isolada, sem relevância internacional, berrando como uma criança que perdeu o balão.
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Notem minimamente os recentes olhares internacionais direcionados ao Brasil esta semana, caminhem pelos principais jornais mundiais e cacem as matérias sobre o nosso país. De The Washington Post, Le Monde e Financial Times, todos eles destacaram a apatia desmoralizante de nosso governo — uma apatia temperada não por resoluções e canais de diálogo, mas com arroubos e espasmos de discursos de grêmio estudantil contra Trump, requentados em um papo de “imperialismo” e “ataque à soberania” de sete décadas atrás.
A lógica da decisão de Trump
Em resumo, sinto dizer: somos um misto de assombro ante a guinada antidemocrática na região — nos aliando cada dia mais à China e à Rússia — e um país digno de pena, sem meios reais de se opor ao tarifaço e aos demais avanços, como a já aplicada Magnitsky. Somos uma piada internacional.
Porém, repito: o mais triste desta constatação não é a própria incapacidade de retaliação do Brasil, mas sim a nossa clara incapacidade de expurgar os problemas que causaram tudo isso. Não se trata de alinhamento político com Trump, é simplesmente notar o óbvio da escalada ditatorial que estamos enfrentando há três anos. A negação midiática alimentou uma cegueira absurda em boa parte da população e, durante três anos, aceitamos, sob retóricas vergonhosas aduladas por jornalistas e “especialistas”, que o poder concentrado e imparável de Moraes era para “salvar a democracia”.
Pensando pelo lado geopolítico, os EUA não permitirão uma ditadura no Brasil pelo simples fato de que o Brasil é a âncora deles na região. A Argentina não tem força militar nem relevância comercial como nós, Paraguai e Chile, nem se fale, e perder o Brasil como aliado político é um preço que nem Democratas nem Republicanos vão permitir. Pensando de dentro do Brasil, nossa incapacidade de resolução de problemas é frustrante; o Senado e a Câmara estão na coleira como pinschers raivosos, que latem alto, mas sem efetividade. A população claramente está temerosa, pensando no que Alexandre Moraes fez com os baderneiros do 8 de janeiro.


Agora é a vez do Brasil
Em resumo, a pior notícia não é o “avanço imperialista dos EUA”; a pior notícia é que continuamos sendo uma criança birrenta, presa em ideologias, elegendo líderes incapazes de serem estadistas reais, preferindo o carnaval retórico ao profissionalismo político em busca de avanço civilizatório. Precisamos que um papai internacional tente acabar com nossas contendas bestas. É sempre assim desde a queda do Império. Isso é desanimador, humilhante. A solução? Só uma: a população tem que comprar a defesa da liberdade no país por si mesma, entender que a liberdade é seu pão, sua água, algo sem o qual não se pode viver dignamente. Entender que quem tenta roubá-la é seu opositor maior.
A pressão vem dos EUA, a penalização econômica e diplomática também, mas até as ações de Trump têm um limite, e certas barreiras não vão ser avançadas pelo norte-americano. Trump não virá limpar nossa bagunça, ele vai, no máximo, punir os bagunceiros. O único agente que pode parar Moraes e a guinada autoritária da esquerda no Brasil é o brasileiro — e, se não entendermos isso, continuaremos nessa creche geopolítica, achando sempre que os Estados Unidos é que vão trocar nossas fraldas e trazer o mucilon. Para isso, é preciso coragem e bravura. É preciso ter mais brio do que tremedeira nas pernas. É necessário voltar às ruas com a cabeça erguida e um tom de voz efusivo para dizer: CHEGA…
A questão profunda do Brasil, hoje, é somente uma: você tem coragem para se opor a um tirano?

