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Uma Nova África – o despertar liberal para o continente

Há um mês recebi do Pedro Almeida, editor da Faro Editorial, Uma Nova África, livro daqueles que, sem uma razão muito clara, chamou minha atenção imediata. Pausei minha leitura de momento para me dedicar à história da empresária e palestrante Magatte Wade.

Escrita clara, envolvente, com traços quase de um romance biográfico, além de uma crítica suave — porém bem tangível — ao socialismo nauseabundo que impera em toda a África desde meados do século 20, tudo isso me conquistou logo nas primeiras vinte páginas. Em quatro dias, eu havia devorado as 188 páginas. O que ficou foi uma lição profunda para uma mente ocidentalizada e pouco sensível aos meandros da história e vias para aquele continente.

O fato é que Uma Nova África é mais que um livro: é um grito de liberdade, um chamado urgente à reconstrução moral, econômica e cultural do continente africano. Magatte Wade — uma empreendedora senegalesa, defensora fervorosa do livre mercado e da dignidade africana — escreveu um manifesto contra o colonialismo mental que ainda subjuga a África, mesmo depois do fim formal da dominação europeia.

A escritora gritou em letras firmes contra o sequestro ideológico de Senegal — e da África como um todo. Apontou o dedo na face dos ideólogos bilionários que sobrevivem da miséria daquele continente tal como um parasita de seu hospedeiro.

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Wade recusa o vitimismo desde as primeiras páginas e denuncia, com firmeza e paixão, os mitos que mantêm o continente aprisionado à pobreza e à dependência. Seu livro combina memórias pessoais, reflexões filosóficas e propostas práticas, erguendo-se como uma das defesas mais eloquentes da liberdade individual e do empreendedorismo como forças genuínas de transformação.

“Ao criar e prosperar, o africano se reconcilia com sua dignidade e, na mesma proa, traz a boa política descentralizada e promotora do indivíduo”

No cerne da obra está a tese de que a verdadeira libertação africana virá não de ajudas humanitárias nem de governos autoritários travestidos de salvadores, mas da valorização do capital humano africano, da remoção das amarras burocráticas que sufocam os negócios locais e da restauração do orgulho cultural e espiritual de um povo ancestralmente criativo. Wade narra, por exemplo, como empreender no Senegal é um ato de resistência: abrir uma empresa pode levar meses ou anos, diante de um Estado disfuncional e herdeiro direto da máquina colonial.

Uma Nova África além da crítica

Mais que uma crítica masturbatória ao estatismo e à corrupção, o livro é uma ode à liberdade em si mesma. A autora bebe claramente da tradição liberal clássica — de Bastiat a Hayek —, mas traduz essas ideias para o solo africano, em um tom vibrante e enraizado. Ela vê no empreendedorismo não apenas uma solução econômica, mas uma afirmação de identidade. Ao criar e prosperar, o africano se reconcilia com sua dignidade e, na mesma proa, traz a boa política descentralizada e promotora do indivíduo.

Magatte Wade desafia tanto as narrativas “progressistas” ocidentais — que tratam a África como uma eterna vítima — quanto as elites africanas que mantêm seus povos na servidão sob o pretexto de “proteger os pobres”. Ela clama por uma nova geração de líderes que pensem como fundadores de civilização, não como gerentes de miséria.

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A escrita — como já salientada — é direta, por vezes poética, e profundamente engajada. Há trechos de rara beleza ao descrever a cultura ancestral senegalesa, as cores do Sahel, o aroma das feiras locais. Mas há também o tom cortante da denúncia e da urgência: Wade não esconde e nem floreia suas intenções, ela quer despertar consciências, incendiar mentes, formar agentes de mudança.

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A escritora senegalesa Magatte Wade | Foto: Reprodução/Facebook/@magatte

“Leitura indispensável”

Uma Nova África é leitura indispensável não apenas para quem se interessa pelo futuro do continente africano, mas para todos que desejam entender como a liberdade — econômica, cultural, espiritual — pode se tornar o alicerce de uma verdadeira regeneração civilizacional.

Para o Brasil, o livro é um verdadeiro tapa na cara. Um acorde alto que ressoa contra as tendências “progressistas” que dominam o discurso racial e raptaram a virtude soberba de supostamente conheceres sozinhas as soluções para a África.

“Wade nos lembra, com coragem e brilho, que a pobreza africana não é destino, é imposição”

Wade nos lembra, com coragem e brilho, que a pobreza africana não é destino, é imposição, é a condição forçada por uma ideologia que dominou a política, os discursos e as liberdades individuais naquele continente. Uma África nova, livre e próspera não só é possível: ela já começou a nascer com vozes como a de Magatte Wade. Seu livro ressoa e incomoda, tira o mofo do discurso único e traz ar para o cativeiro ideológico que a África se tornou ante o socialismo ocidental.

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