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União de Mulheres chama Dudu de ‘irresponsável’ e ‘machista’

A UBM (União Brasileira de Mulheres) respondeu as recentes alegações do atacante Dudu na Justiça, no processo do atleta contra a presidente do Palmeiras, Leila Pereira. A instituição chamou o jogador de “machista” e “irresponsável” e destacou que ele não confrontaria outro homem como fez com a dirigente alviverde.

A organização ainda ressaltou sua atuação de quase quatro décadas na defesa da classe feminina.

“Considero essa declaração do Dudu mais um atentado em relação aos direitos das mulheres e ao nosso poder de ação. Então o Dudu, quando faz uma afirmativa dessa, não é só irresponsável, ele é machista e está querendo nos atingir com algo que ele nem conhece”, disse Vanja Santos, presidente nacional da UBM, em contato com a ESPN.

Ela respondeu a uma manifestação judicial de Dudu em briga com Leila por indenização de danos morais de R$ 500 mil. No documento, ao qual a reportagem teve acesso, os advogados do jogador questionaram a “ilegitimidade” e a “parcialidade” da UBM para entrar como amicus curiae na ação. Eles apontaram que a entidade atua como “braço” de Leila Pereira, “em defesa de seus interesses individuais e patrimoniais”.

Vanja Santos, por sua vez, ressalta que a União Brasileira de Mulheres é uma “entidade legitimamente constituída” para atuar nesse tipo de ação.

“Não existe ilegitimidade por parte da UBM. Nós somos uma entidade que há 37 anos luta pelo direito das mulheres, então nós somos uma entidade legitimamente constituída para tal, para lutar pelos direitos das mulheres, então nós temos legitimidade para isso. Em vários casos nós atuamos como amicus curiae, como amigas da corte, então isso para a gente também não é algo novo”, afirmou.

“Esse caso para a gente interessa muito. Porque nós não conseguimos admitir que mulher em espaço de poder de decisão nenhum possa ser confrontada por um homem que não confrontaria outro homem da mesma forma. Então é por isso que nós também entramos nesse caso que para a gente é muito emblemático”, continuou a presidente da UBM.

Os representantes do atleta do Atlético-MG afirmam que a UBM teria “interesse econômico” no caso porque receberia a indenização de R$ 500 mil, em caso de vitória judicial da dirigente. A UBM respondeu.

“Qualquer quantia que seja ganha nesses processos com certeza ele vai ser direcionado para as políticas para fortalecer as políticas públicas para as mulheres. Então é esse o destino que é a UBM tem dado. Nós não fazemos caixa financeiro com processo nenhum”, rebateu.

“Essa é mais uma verdade do Dudu que agora tenta desqualificar a atuação de 37 anos da União Brasileira de Mulheres. Mas ele não vai conseguir fazer isso. Não temos interesse a não ser o interesse de defender as mulheres. A nossa causa é essa. A causa da igualdade, a causa do empoderamento. Do fortalecimento das mulheres e a causa, sobretudo, do fortalecimento das mulheres em espaços de poder e decisão”, finalizou.

Os representantes de Dudu apontam suposta “seletividade” da UBM na proteção às mulheres, citando dois episódios recentes no Palmeiras em que a entidade não se manifestou.

O primeiro acontecem em agosto de 2024, quando o técnico Abel Ferreira, durante entrevista coletiva pós-jogo, se irritou com um questionamento da repórter Alinne Fanelli, da Band News, e afirmou que “só devia satisfação” a três mulheres em sua vida: sua mãe, sua esposa e Leila Pereira.

O segundo foi em agosto deste ano, quando o Verdão foi eliminado da Copa do Brasil pelo rival Corinthians, no Allianz Parque, com a principal torcida organizada do clube alviverde proferindo diversas ofensas contra Leila.

“Em ambos os episódios, a União Brasileira de Mulheres manteve-se silente, sem qualquer manifestação pública ou iniciativa de responsabilização. Apenas quando os fatos envolvem diretamente os interesses da Autora é que aparentemente a entidade busca se apresentar”, afirmaram os advogados.

Vale lembrar que, no processo, Leila Pereira requer que Dudu seja condenado a pagar R$ 500 mil em danos morais, salientando nos autos que “todo o dinheiro da será doado a uma entidade que abriga mulheres em condições de vulnerabilidade”.

O atacante, por sua vez, quer que Leila seja condenada a pagar indenização de R$ 500 mil a ele por conta de manifestações feitas pela presidente alviverde em entrevistas. O atleta também exige que a dirigente se retrate de maneira pública, inclusive com vídeos nos telões do Allianz Parque.

O caso segue tramitando na 11ª Vara Cível do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) e será julgado pelo juiz Sérgio Serrano Nunes Filho.

Dudu diz que julgamento no STJD teve “cartas marcadas”

Vale lembrar que, antes do embate com Dudu na Justiça comum, a UBM teve papel importante na suspensão de seis jogos que o atacante levou por parte do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

Foi a entidade que apresentou ao Tribunal desportivo a representação que culminou na instauração do processo disciplinar contra o atleta do Atlético-MG, que acabou levando gancho por misoginia.

A defesa de Dudu, por sua vez, diz que o julgamento do STJD teve “cartas marcadas”, já que a relatora do caso postou foto em suas redes sociais com as advogadas de Leila Pereira antes da sessão, com a seguinte legenda: “Mulheres ocupando espaços no esporte e no mundo”.

“Como noticiado na réplica, o julgamento no STJD foi aparentemente sem independência após forte indícios de jogo de cartas marcadas estampado na fotografia, e sem qualquer pudor a par disso, a relatora auditora sentiu à vontade para publicar na sua rede social, minutos antes de iniciar o julgamento, o registro da imagem ao lado das advogadas da autora com o slogan do julgamento”, escreveram os advogados.

“Seria apenas mais uma postagem em rede social qualquer, não fosse o fato de que, minutos depois do registro, ocorreria o histórico julgamento e sem precedente que condenaria o atleta à punição de suspensão por seis partidas e multa pecuniária de R$ 90 mil, exatamente sob a relatoria da pessoa responsável pela postagem”, seguiram.

“Evidentemente, em outro contexto, a referida postagem seria digna de elogios e de likes. Entretanto, no contexto em que realizada – dentro do Tribunal, em meio a um julgamento de matéria extremamente delicada, em que o acusado era apontado como misógino – não há como não se indignar ou entender que tratou de ato ocorrido dentro da normalidade das relações pessoais”, completaram.

Os advogados de Leila, por sua vez, contestaram as afirmações de Dudu e asseguraram que o julgamento no STJD aconteceu de forma “totalmente regular”.

“Em sua manifestação, o réu, de forma absolutamente leviana, apresenta a falsa acusação de que o STJD teria sido submetido a ingerência política. Tal alegação, além de desprovida de qualquer indício de prova, sobre demonstra, mais uma vez, o menosprezo do réu pela autora, bem como pelo próprio STJD”, argumentaram.

“Ao contrário da absurda acusação levada a efeito pelo réu, a autora, neste ato, apresenta o link de acesso ao vídeo do julgamento levado a efeito pelo STJD, o qual demonstra que o julgamento se deu de forma absolutamente regular, tendo sido concedido ao réu a ampla defesa e o contraditório, sendo certo que nenhum direito ou prerrogativa lhe foi negada”, complementaram.

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