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Venda ilegal de tadalafila vira rotina em praias e festas do Rio

A tadalafila, remédio prescrito para disfunção erétil, virou um produto de venda comum em praias cariocas, especialmente nas zonas de agito, como Ipanema, Leme e Maracanã. O jornal O Globo divulgou as informações neste domingo, 27.

Ambulantes oferecem os comprimidos, e o uso deixou de se limitar a homens com mais de 50 anos. Jovens, adolescentes e adeptos da hipertrofia se tornaram consumidores frequentes do medicamento — muitos sem receita médica.

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Na Rua Arnaldo Quintela, em Botafogo, o produto é anunciado com naturalidade. Em frente ao mar, homens tomam a droga antes mesmo de pisar na areia. Já em festas e blocos de Carnaval, a pílula é vendida até por crianças. Em encontros casuais ou depois do uso de álcool e drogas, a substância serve como garantia de desempenho sexual.

A tadalafila pertence à mesma classe da sildenafila, o Viagra, e age como vasodilatador. Apesar de parecer inofensiva entre os que buscam apenas ‘segurança’ sexual, o remédio pode desencadear efeitos colaterais severos.

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Especialistas argumentam que, sem orientação médica, o uso pode causar priapismo, perda de visão e audição, arritmias cardíacas e até infarto.

“Pacientes com angina ou insuficiência cardíaca não podem tomar esse tipo de medicamento de jeito nenhum”, disse o médico Danilo Souza Lima da Costa Cruz, do Hospital Universitário Pedro Ernesto. “Caso contrário, podem sofrer consequências coronárias e ter até um ataque cardíaco. Também é contraindicado para pessoas que fazem tratamento à base de nitrato, para quem têm hipersensibilidade à substância.”

Explosão nas vendas de tadalafila revela mudança de público

Em 2015, o Brasil registrou a venda de cerca de 3 milhões de unidades de tadalafila. Dez anos depois, o número ultrapassou 64 milhões, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em parte, esse salto se explica pelo crescimento do uso recreativo, cada vez mais desvinculado da prescrição médica. Nas academias, fisiculturistas passaram a usar a substância como suposto pré-treino, acreditando que o efeito vasodilatador melhoraria a performance.

Grupos de praticantes da hipertrofia compartilham receitas manipuladas em estado líquido e relatos de consumo antes da musculação. A crença se espalhou sem base científica e contraria alertas da comunidade médica.

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Carnaval, música e redes sociais também ajudaram a popularizar a tadalafila. Canções de funk e piseiro já fazem menção ao medicamento, e fantasias inspiradas no remédio chamaram atenção em blocos de rua.

Influenciadores divulgam até balas de goma com a substância, o que levou a Anvisa a proibir, em maio deste ano, qualquer tentativa de comercialização de produtos alimentícios com tadalafila.

O uso sem controle pode gerar efeitos físicos e dependência psicológica. Homens jovens relatam sentir que, sem o remédio, não conseguem relaxar ou se entregar sexualmente. A pílula se tornou símbolo de autoconfiança — mas também de insegurança crescente.

Prefeitura promete fiscalização, mas comércio persiste

A Prefeitura do Rio afirma realizar operações diárias para apreensão de medicamentos vendidos de forma irregular. Ambulantes flagrados estão sujeitos a penalidades aplicadas pela Guarda Municipal, pelo Seop e por órgãos sanitários.

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Mesmo assim, a tadalafila permanece circulando em trens, passarelas, blocos e festas universitárias, sem controle efetivo.

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