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Vestibular de universidade federal associa Bolsonaro ao nazismo

A prova de redação do Vestibular 2025 para a modalidade de Educação a Distância da Universidade Federal de Sergipe (UFS) foi cancelada depois da repercussão sobre o conteúdo dos textos motivadores. O exame, aplicado no último domingo, 10, incluía fragmentos que associavam o “bolsonarismo” e a eleição de Jair Bolsonaro ao crescimento do neonazismo no país.

O caderno de provas trazia como primeiro texto motivador um artigo que afirmava: “Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um crescimento expressivo de grupos neonazistas”, ao contabilizar “mais de 500 células ativas”. A matéria original foi publicada no site da revista Fórum, veículo de esquerda que se denomina como “o site progressista mais antigo do Brasil”.

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O segundo texto motivador continha o título “A eleição de Jair Bolsonaro” e afirmava que “a partir de 2019 que as células neonazistas se multiplicaram no país, na esteira do discurso do presidente Jair Bolsonaro e do avanço da direita política no Brasil”.

O fragmento prosseguia que “esses grupos se sentiram autorizados a atuar” e que “os movimentos se identificam com o nacionalismo exacerbado” atribuído ao então presidente. Esta reportagem, por sua vez, tem origem na revista Veja.

A proposta de redação solicitava que o candidato elaborasse um texto que respondesse à questão: “Diante desse cenário, como assegurar a defesa da democracia e dos direitos humanos?”, ao considerar “que os discursos da extrema direita e ultranacionalistas são disseminados e potencializados por meio dos novos formatos de comunicação, como as plataformas digitais”.

A situação foi denunciada publicamente pelo vereador Lúcio Flávio (PL), de Aracaju, que divulgou vídeos nas redes sociais e no plenário da Câmara Municipal. Ele classificou o conteúdo como “crime” e “proselitismo político-ideológico” e afirmou que a prova “chamava de neonazista as pessoas que são de direita, apoiadores do Bolsonaro e o próprio Bolsonaro”.

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Bolsonaro é citado em texto motivador da prova

O parlamentar informou que encaminhou a denúncia ao movimento Escola Sem Partido e acionou sua assessoria jurídica. Em um dos vídeos, o vereador afirmou: “Isto é um absurdo e iremos cuidar para que essa atitude leviana não fique impune”.

Ele também mencionou um ato anterior, em maio, no campus da universidade, que teria concedido horas complementares a alunos que se filiassem a um partido político, e defendeu o cancelamento da prova “em defesa dos alunos constrangidos que foram obrigados a fazer essa redação”.

Com a repercussão, a UFS publicou nota oficial para lamentar o ocorrido e esclarecer que, “pelo sigilo que rege a elaboração das provas, a UFS não tem acesso prévio ao conteúdo das avaliações, que são elaboradas por profissionais contratados para prestar serviços à Comissão de Concursos Vestibulares (CCV)”.

Trilhos que levam à entrada do campo de concentração de Auschwitz em Oświęcim, na Polônia | Foto: Rafael Cavlaz/Shutterstock

A instituição declarou não coadunar “com qualquer forma de discriminação, polarização política ou radicalismos ideológicos” e reforçou seu compromisso com a “democracia, pluralidade e diálogo”.

A nota anunciou o cancelamento imediato da prova de redação e informou que outras providências serão tomadas “para garantir a continuidade e a lisura deste e de próximos processos seletivos”. A universidade não detalhou quais medidas serão adotadas.

Flávio afirmou que considera o cancelamento “uma vitória contra a doutrinação ideológica no ambiente educacional” e agradeceu à reitoria e à comissão organizadora pela decisão. Ele declarou que vai continuar no caso.

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