Armando Mendonça, vice-presidente do Corinthians, quebrou o silêncio sobre o relatório que esquentou os bastidores do Parque São Jorge nesta semana. Uma auditoria interna apontou possíveis irregularidades envolvendo materiais esportivos fornecidos pela Nike, patrocinadora do clube.
Um dos pontos de maior polêmica do documento diz respeito à citação à retirada de 131 itens registrados pelo dirigente entre 06 de junho e 30 de outubro de 2025.
“Fiquei revoltado”, disse Armando Mendonça sobre ter sido citado no documento organizado pela auditoria e enviado a Osmar Stabile, presidente do Corinthians. “Tive acesso a essa auditoria no dia 7, em uma sexta-feira. Quando li esse relatório intitulado como auditoria, verifiquei graves irregularidades e afirmações sobre a minha pessoa. O que posso falar é que não desviei nenhum material”.
“Não decidi ser vice-presidente para desviar material do clube que amo. É mentira o que consta no relatório que retirei para meu uso ou para meu relacionamento 131 materiais. Até isso é mentira. Não retirei 131 materiais para meu uso e eu provei isso”.
Armando Mendonça afirmou que entregou provas sobre as alegações a órgãos internos, entre eles o CORI (Conselho de Orientação) diante do vazamento do relatório da auditoria.
“Entreguei essa contestação para o Osmar Stabile e para o CORI. Fiz todos os esclarecimentos que o CORI me solicitou, prestei essas informações à Polícia e liguei para o presidente Romeu Tuma pedindo para que agendasse o quanto antes uma reunião com a Comissão de Justiça. Quero deixar muito claro que sequer retirei os 131 materiais que foram atribuídos a mim. Na verdade, desses 131 materiais, retirei apenas 47, para uso pessoal e para relacionamentos institucionais, tudo devidamente comprovado e com requisições assinadas por mim”.
Ainda segundo o vice-presidente do Corinthians, foi sugerido a Osmar Stabile a realização de uma nova auditoria, desta vez independente, que possa detalhar o cenário envolvendo a Nike e os materiais esportivos entregues ao clube.
Por outro lado, Armando ressaltou que tem sido alvo de uma tentativa de “assassinato de reputação”.
“Não tenho preocupação com nenhum tipo de auditoria, sou a pessoa que mais valoriza o trabalho de auditoria. Já falei ao presidente Osmar que se faça uma auditoria séria em todos os departamentos, sem qualquer tipo de viés — político ou pessoal — e de forma totalmente independente. Uma auditoria séria é feita por uma empresa independente. Sempre prestigiei e sempre solicitei isso. Não fiquei preocupado com absolutamente nada. O que me incomodou foram os vazamentos de que eu estava sendo investigado. O que tenho de mais importante na vida é a minha reputação. Vivo disso. Vou até o último minuto da minha vida para proteger a minha reputação e mostrar que não fiz absolutamente nada de errado. Nada. Não desviei absolutamente nada do Corinthians”.
“Solicitei para o Osmar que se faça uma auditoria independente, externa, por uma pessoa capacitada para isso e que, se constatar qualquer desvio de material da minha parte, mesmo que seja um grampo, renuncio no dia seguinte. Não é que espero o procedimento administrativo e disciplinar. Se constatar por auditoria profissional, independente, sem nenhum viés político ou pessoal, que desviei sequer um material, renuncio no dia seguinte”.
O documento, que foi entregue a Osmar Stabile, presidente do clube, e Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, aponta aumento de 24% em relação ao volume de itens recebidos pela fornecedora entre 2024 e 2025, chegando a 41.963 peças, além de R$ 6,4 milhões em Notas Fiscais não lançadas em sistema entre 2024 e 2025 e uniformes oficiais comercializadas dentro das dependências do próprio clube por um funcionário.
“Estamos enfrentando um desafio muito grande. Essa gestão tem trabalhado diariamente para melhorar e profissionalizar a administração do clube. Quando você vê um trabalho desses, que traz informações inverídicas e desconectadas, é muito chato. É muito chato. Eu, como vice-presidente, fico chateado. Nós estamos trabalhando diariamente para recuperar a imagem do clube”.
“É um momento que estamos trabalhando para recuperar a imagem do Corinthians, que foi muito desgastada. Esse trabalho poderia ter sido diferente, de uma forma mais profissional. Mas a narrativa que se tornou é que o vice-presidente retirou material, e eu estou provando que não retirei um grampo do Corinthians para meu uso e benefício próprio”.
Como a ESPN informou, o caso foi repassado pela diretoria ao Conselho Deliberativo, que tem a Comissão de Justiça como estágio atual da apuração.
