O governo da Ucrânia revelou, neste sábado, 7, um vídeo que mostra o trajeto de um dos mais de cem drones que participaram de uma operação sem precedentes contra bases militares russas. A ofensiva, realizada no domingo 1º, ocorreu a mais de 4 mil quilômetros da linha de combate e resultou na destruição de pelo menos 40 aeronaves estratégicas do Exército da Rússia.
O planejamento da operação durou 18 meses, sob coordenação do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), e recebeu o codinome Teia de Aranha. O vídeo recém-divulgado mostra o momento exato em que um dos drones decola do telhado de uma estrutura disfarçada em território russo. A aeronave, equipada com explosivos, sobrevoa áreas rurais e urbanas até atingir em cheio um bombardeiro Tu-22 estacionado na base aérea de Irkutsk, na Sibéria Oriental. O voo durou menos de oito minutos, conforme demonstrado nas imagens aceleradas pela Inteligência ucraniana.
🇺🇦💥🇷🇺Video da inteligência ucraniana da operação “🕸️Teia de Aranha”, onde usou drones com IA autónoma individual, na destruição de mais de 40🛫caças bombardeiros russos, a partir de solo inimigo! Cada drone seleciona o alvo e verifica se já foi atingido,atacando o alvo seguinte! pic.twitter.com/ASABzq5pbo
— 🇵🇹Pedro Lobo ⚖️ (@PedroLo38424620) June 8, 2025
De acordo com informações do SBU, os mais de cem drones utilizados na operação foram operados remotamente por soldados. Contudo, os equipamentos tinham um sistema de navegação suplementar, baseado em inteligência artificial. Esse mecanismo permitia que os drones seguissem até o alvo programado mesmo em caso de perda de conexão com o operador humano. Assim que os alvos eram alcançados, as cargas explosivas embarcadas nos drones eram detonadas automaticamente por sensores de impacto.
A ofensiva da Ucrânia
A dimensão e a localização do ataque chamaram atenção da comunidade internacional. As bases atacadas, como Irkutsk e Murmansk, estão a mais de 4 mil quilômetros da Ucrânia — uma distância muito superior ao alcance convencional de mísseis balísticos ou drones de combate. Isso exigiu uma estratégia inovadora: os equipamentos foram transportados disfarçadamente em caminhões, escondidos dentro de contêineres modificados que se infiltraram no território russo ao longo de semanas.
Esses contêineres especiais foram adaptados com tetos móveis e mecanismos de liberação remota. No momento do ataque, o compartimento superior se abriu silenciosamente, liberando os drones que decolaram a partir dos próprios caminhões, posicionados próximos às bases militares russas. Essa abordagem inédita permitiu que os drones escapassem dos radares e dos sistemas de defesa aérea do Kremlin.
O impacto foi devastador. De acordo com fontes da Inteligência ucraniana citadas pelo jornal Financial Times, cerca de 35% da frota estratégica de bombardeiros russos acabou atingida. Os modelos destruídos incluem os pesados Tu-22M, utilizados em ataques de longo alcance; os Tu-95, responsáveis por lançamentos de mísseis contra o território ucraniano; e os A-50, uma espécie de centro de comando aéreo, utilizado para coordenar alvos e monitorar ameaças.
A estimativa preliminar de danos ultrapassa US$ 7 bilhões, levando em consideração o valor logístico e estratégico das aeronaves destruídas. Ao contrário dos mísseis, que podem ser substituídos com relativa facilidade, esses bombardeiros exigem anos de fabricação e milhões de dólares em manutenção — um revés considerável para o poder aéreo russo.
Zelensky celebra o ataque dos drones
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comemorou o êxito da operação, que classificou como “a mais ambiciosa” já realizada pelas Forças de Inteligência do país. A missão foi coordenada pelo chefe do SBU, Vasyl Maliuk. “O inimigo subestimou nossa capacidade de responder com criatividade e precisão”, disse o presidente, em pronunciamento oficial.
O sucesso da ação expôs fragilidades na estrutura de defesa da Rússia. Diversos analistas militares classificaram o ataque como humilhante para Vladimir Putin, que se viu incapaz de impedir uma ofensiva tão profunda em seu território.
Ainda segundo o governo ucraniano, os Estados Unidos e os demais aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não foram informados previamente sobre a operação. A intenção era manter o sigilo e evitar vazamentos que pudessem comprometer sua execução.
Rússia acusa a Ucrânia de terrorismo
O Kremlin reagiu com indignação. Em nota oficial, o Ministério da Defesa da Rússia reconheceu os ataques a quatro bases aéreas na região de Irkutsk e confirmou a ocorrência de incêndios e danos estruturais em hangares e pistas de pouso. Além disso, relatou tentativas de incursão frustradas nas regiões de Amur (extremo oriente russo), Ivanovo e Ryazan (oeste).
Autoridades russas classificaram a ação como “ato terrorista”, embora tenham evitado fornecer detalhes precisos sobre o número de aeronaves destruídas. A imprensa estatal minimizou os impactos e buscou restringir a divulgação de imagens dos estragos.
Já a Ucrânia divulgou vídeos adicionais que mostram drones atingindo diversos alvos em cinco bases diferentes. Em uma das gravações, é possível ver explosões múltiplas e colunas de fumaça erguendo-se de hangares militares.

