O fotógrafo Nuremberg José Maria foi à Justiça contra o Atlético-MG com um pedido de indenização de R$ 200 mil, após ter sido atingido por estilhaços de uma bomba caseira, na Arena MRV, durante a decisão da Copa do Brasil entre Galo e Flamengo, no fim de 2024.
O profissional foi vítima do artefato após tumultos generalizados envolvendo torcedores, com invasão de campo, brigas, arremesso de objetos e explosão de artefatos explosivos (bombas caseiras) dentro do gramado.
Nuremberg desempenhava regularmente sua função de cobertura fotográfica quando foi atingido diretamente no pé direito por estilhaços de bomba caseira, vindo a cair no gramado em meio à confusão. Imagens registraram o momento do acidente. Ele foi enviado ao Hospital João XXIII, onde foram constatadas fraturas expostas no colo do 2º, 3º e 4º metatarsos direitos, fratura articular da falange proximal do 2º, 3º e 5º artelhos direitos, além de lesões graves em partes moles. Ele ficou internado por alguns dias.
Desde então, ele não conseguiu mais trabalhar. À ESPN, ele contou que sua vida mudou completamente.
“Tenho trauma, fiquei vários dias sonhando com bomba, acordando assustado, sonhando com bomba. Vou ficar afastado até eu voltar a trabalhar normal. O Galo não ofereceu suporte psicológico. Eu sou autônomo, estou passando dificuldade e aperto. Se eu não trabalhar, vou comer como?”, lamentou.
Nuremberg precisou da ajuda de um médico que o atendeu por amizade, enviando remédios caros como amostras grátis, pois ele sente fortes dores até hoje.
“Eu fui tentar entrar no Uber, meu pé cedeu, eu bati o rosto. Eu uso bengala o tempo todo, como vou carregar peso, equipamento?”, questionou.
O fotógrafo disse que recebeu a visita do presidente do Galo, Sérgio Coelho, que o visitou no hospital quando estava internado e pediu para não entrar com ação contra o clube, pois seria procurado, o que nunca aconteceu. 10 meses depois, ele mesmo procurou uma advogada. O Atlético ofereceu um acordo de R$ 35 mil, considerado “irrisório”.
“Isso eu tiro em poucos meses de trabalho, não é justo. Tem que ver o tempo que eu aguardei e o tempo que eu estou sem trabalhar. Eu tenho zumbido no ouvido até hoje. Eu não quis processar pra ganhar dinheiro, eu quero justiça”, disse o fotógrafo, que sofre com artrose, viu a musculatura do tornozelo ser seriamente afetada e convive com dores e pé inchado o tempo todo.
“Eu me sinto na obrigação de voltar a trabalhar pelas condições financeiras, porque minhas despesas são altas. Sem trabalhar, como eu faço? Minha esposa é quem faz tudo, eu não queria voltar, mas eu preciso”, continuou.
Antes de ser atingido pela bomba, Nuremberg ganhava em média R$ 9 mil por mês como fotógrafo. Hoje, sobrevive com um salário mínimo (cerca de R$ 1,5 mil) de aposentadoria. As dificuldades financeiras o fizeram solicitar Justiça gratuita.
Procurado pela ESPN, o Galo disse que “não tem conhecimento formal sobre a propositura de ação judicial de indenização movida pelo Jornalista Nuremberg contra o Clube, mas apresentará defesa no prazo legal, após a sua citação. A esse respeito, é oportuno esclarecer que o jornalista em questão recebeu acolhimento e tratamento pelo DM do Galo até a sua alta médica”.


