O ex-atacante Keirrison viveu, há quase duas décadas, muitas coisas que Vitor Roque, atual camisa 9 do Palmeiras, passou – e está passando – nos últimos anos. Assim como o Tigrinho, que se destacou pelo Athletico-PR, K9 também brilhou por um clube do Paraná, o Coritiba, teve pouco espaço no Barcelona e encantou, à sua maneira, a torcida palmeirense.
Em entrevista entrevista exclusiva à ESPN, Keirrison relembrou os “perrengues” parecidos no Barça. Ele chegou ao clube no meio de 2009, mas não teve oportunidade de atuar em nenhuma partida. Vitor Roque chegou a jogar pelo time espanhol no primeiro semestre de 2024, mas foi emprestado para o Real Betis após apenas oito meses, 16 partidas e dois gols.
“É o aspecto que sempre penso em relação ao futebol: o tempo que o atleta brasileiro pode ter na transição para a Europa. Falo isso por experiência própria. Muitas vezes alguns atletas acabam não vivendo esse tempo de realmente se adaptar. Isso não é uma forma de desculpa. Alguns têm mais oportunidade de ter tempo para amadurecer, entender outro país, outra filosofia e questões de jogo. Acaba não acontecendo com outros atletas e surgem desafios. No caso do Vitor Roque, teve um ano de Europa, é muito pouco para que compreenda e entenda”, analisou.
“Não é uma forma de se defender, mas o atleta que faz a transição precisa ter tempo para se adaptar. Saí do Palmeiras em um momento importante dentro do clube. O presidente da época (Luiz Gonzaga Belluzzo) tomou a decisão de fazer a negociação. Óbvio que é um sonho realizado, não é fácil alcançar isso com apenas 19, 20 anos. Sabemos que no meu caso houve muitas questões contratuais, no sentido de estrangeiros, porque eram três vagas para atuar no Campeonato Espanhol, e as vagas estavam ocupadas. Eu gostaria muito de continuar jogando e por isso decidimos ir para o Benfica”, seguiu.
“Ao ir para a Europa, o mais importante é ter o tempo ao chegar, que é muito mais de um ano, para se adaptar. Claro que pode acontecer de chegar e se identificar, mas não são todos os casos em que isso acontece. É outro jeito de jogar, outro ritmo. Creio que no caso do Vitor Roque foi isso. Para mim ele precisaria de mais tempo. Mas no futebol há desafios constantemente, o importante é ele acreditar, como sempre acreditou, e está batalhando agora, com um ótimo treinador, e seguimos na torcida para que siga crescendo”, completou.
O camisa 9
Keirrison levava o número 9 até mesmo no apelido: K9. Na passagem pelo Palmeiras, que durou cerca de seis meses, até ser vendido para o Barcelona, fez 24 gols em 35 jogos. Agora de longe, aos 36 anos e aposentado, ele acompanha Vitor Roque, mas acredita que o Tigrinho, apesar de usar o mesmo número, não é de fato um camisa 9.
“Eu não vejo o Vitor Roque como um centroavante. Por mais que possa fazer a posição, não vejo que é a principal característica dele. Até por isso ele faz a dupla com o Flaco López, que também não é um centroavante, mas é móvel, os dois se conectam muito bem e dão resultado”, avaliou.
“O Abel está resgatando a confiança e o ‘acreditar’ do Vitor Roque. Ele tem muito mais ainda a mostrar. Eles (Vitor Roque e Flaco) se encaixaram bem. Eu sempre gostei de fazer dupla com outro atacante que tenha mobilidade. No Palmeiras foi com o Willians, Marquinhos, Diego Souza era um meia-atacante que chegava perto, com o Lenny também. Essa certa facilidade de ser móvel, como Flaco e Roque, ajuda no jogo”, seguiu.
“O encaixe deles foi bom, os gols estão acontecendo. O entendimento com meio e laterais é importante para receber a bola e terem chances de finalização. Os dois estão se sentindo bem, isso é importante. O Palmeiras tem essa arma na mão para que os atacantes possam aproveitar, vejo que é oportunidade para eles colocarem o nome na história do Palmeiras”, concluiu.
A próxima chance de Vitor Roque seguir fazendo história do Alviverde será nesta quinta-feira (23), contra a LDU, pelo jogo de ida da semifinal da CONMEBOL Libertadores. A partida, que será disputada em Quito, no Equador, começará às 21h30 (de Brasília) e terá transmissão ao vivo do Disney+.