Em artigo publicado na edição deste domingo, 30, do The Wall Street Journal, a colunista Mary Anastasia O’Grady, especialista em relações geopolíticas no continente americano, expõe as relações de países da América Latina governadores pela esquerda, como o Brasil, e das ditaduras comunistas da Venezuela, Nicarágua e Cuba com o Irã.
+ Leia mais notícias de Política em Oeste
A jornalista lembra que depois de os Estados Unidos terem bombardeado três instalações nucleares no Irã, 11 estrangeiros iranianos foram presos em oito Estados norte-americanos, e isso leva a uma pergunta fundamental: “o que Teerã fará com a plataforma de representantes e alianças militares que passou décadas construindo no Hemisfério Ocidental, agora que foi humilhada pelo poder aéreo dos EUA?”


O’Grady lembra que a ação terrorista do Irã na América Latina está documentada. O principal caso é o atentado em centro comunitário judaico em Buenos Aires pelo Hezbollah, grupo libanês apoiado pelo Irã, que matou 85 pessoas em 1994. A mesma rede terrorista foi responsável pelo atentado suicida de 1992 contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires, que vitimou 29 pessoas. O promotor que investigava o atentado de 1994 foi misteriosamente assassinado em 2015, um dia antes de seu depoimento no Congresso argentino, no qual falaria sobre eventual “acobertamento do papel do Irã pelo governo da presidente Cristina Kirchner”.
+ O eixo do mal: a relação entre Irã, Venezuela e Rússia
Apesar de, agora, a Argentina, sob Milei, ter declarado o Hezbollah uma organização terrorista e ter retomado as punições aos envolvidos no atentados do passado, O’Grady lembra que a conduta do país destoa de outros países da América Latina. “Esses são desenvolvimentos na Argentina encorajadores. Mas o fundamentalismo islâmico está ganhando terreno em outras partes da América Latina.”
Ela começa lembrando a atuação do governo Lula, no Brasil. “Em 2023, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva permitiu que dois navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro, sinalizando uma reaproximação Brasília e Teerã.”


Em seguida, diz que “Irã e Bolívia, sob a liderança do ex-presidente Evo Morales, que ainda detém enorme poder, compartilham uma ideologia antiocidental e laços estreitos. Cuba e Nicarágua também são aliadas do Irã”.
No caso do Brasil, depois de Israel e dos EUA atacarem o Irã, para destruir instalações nucleares, o governo Lula emitiu notas, por meio do Itamaraty, condenando as ações e falando em violação à soberania iraniana.
Venezuela e Irã: o eixo do mal opera na América Latina
Sobre a Venezuela, a jornalista lembra que “Teerã mantém um profundo relacionamento institucional com Caracas”, o que inclui a compra de materiais bélicos. A Venezuela monta drones usando tecnologia iraniana.
“Em um desfile militar em 2022, Maduro exibiu drones ANSU-100, montados e equipados com armas, e, ainda em desenvolvimento, drones ANSU-200. De acordo com um relatório de 24 de junho do Centro para uma Sociedade Livre e Segura, com sede em Washington, “imagens e ordens de compra vazadas indicam uma produção anual de aproximadamente 50” drones ANSU-100 e “subkits” para o “mais furtivo” ANSU-200 na Venezuela. Ambos seriam úteis caso a Venezuela decidisse atacar investimentos em petróleo offshore na Guiana. O Irã também é fornecedor para a Venezuela de “lanchas rápidas” que podem transportar mísseis antinavio.”
Segundo a colunista, é provável que o Irã use agentes clandestinos para atacar os EUA ou seus aliados, como fez na Argentina na década de 1990, caso pretenda se vingar pelos ataques recentemente sofridos.


Esses agentes clandestinos, diz O’Grady, foram “contrabandeados” para a América Latina “em voos diretos de Teerã para Caracas, onde autoridades lhes fornecem passaportes venezuelanos para que possam viajar pela região sem levantar suspeitas”. Em 2017, o Miami Herald noticiou a história de um ex-oficial de imigração venezuelano que havia trabalhado para o então vice-presidente da Venezuela, Tarek El Aissami, por volta de 2008-2009. Ele estimou que, durante seu mandato, cerca de 10 mil cidadãos do Oriente Médio obtiveram documentos venezuelanos por ano. “Um analista de inteligência confiável me disse na semana passada que os negócios prosperaram nos últimos anos”, afirma a jornalista.
Ela finaliza o artigo com a avaliação de que “a decisão do presidente Donald Trump de enviar a equipe B-2 em sua brilhante e heroica missão foi um presente para a humanidade”. “Mas ninguém deveria se surpreender se o Irã e seus representantes nas Américas se recusarem a desistir”, conclui.
Leia também: O Brasil com o Eixo do Mal, artigo de Ana Paula Henkel publicado na Edição 228 da Revista Oeste