A plataforma X, comandada por Elon Musk, decidiu não atender às exigências da Justiça da França. Em comunicado oficial divulgado nesta segunda-feira, 21, a plataforma classificou a investigação como uma ação de viés político e reafirmou que não entregará os dados solicitados pelo Ministério Público de Paris.
O governo francês quer acesso ao algoritmo de recomendação da rede e a informações em tempo real sobre postagens feitas por usuários na França. Segundo o portal France 24, os promotores alegam que há sinais de viés nas sugestões de conteúdo da plataforma e possível coleta ilegal de dados.
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O X chamou de “afronta ao devido processo legal” a investigação que o deputado Eric Bothorel, do partido Renascimento, aliado de Emmanuel Macron, impulsionou.
O X afirmou que as acusações carecem de provas e que a tentativa de forçar o acesso aos dados ameaça os direitos dos usuários. Segundo o posicionamento da rede social, a alegação de que os dados seriam analisados por “especialistas” não convence.
A empresa citou nomes como David Chavalarias e Maziyar Panahi, que já se posicionaram contra o X em ocasiões anteriores. Ambos foram ligados a projetos que incentivaram o boicote à plataforma ou demonstraram hostilidade à gestão atual.
French authorities have launched a politically-motivated criminal investigation into X over the alleged manipulation of its algorithm and alleged “fraudulent data extraction.” X categorically denies these allegations.
This investigation, instigated by French politician Eric…
— Global Government Affairs (@GlobalAffairs) July 21, 2025
X vê censura disfarçada de supervisão judicial na França
Se a empresa se recusar a colaborar, a promotoria da França pode autorizar buscas, grampos e mandados contra seus executivos. O X, no entanto, reiterou que continuará a “defender seus direitos fundamentais” e a “resistir à censura política”.
A acusação de manipular o algoritmo para favorecer interesses estrangeiros alimenta o centro da polêmica. Em resposta, a rede social refutou a tese e classificou as declarações do deputado francês como falsas.
A promotoria parisiense confirmou apenas que fez um pedido formal à empresa. Em resposta, Bothorel insistiu na independência do Judiciário francês e criticou a postura do X.
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Para o deputado, liberdade de expressão não exclui a responsabilidade nem dispensa supervisão: “A ausência de responsabilidade e supervisão põe em risco a liberdade tanto quanto as proibições e a censura”.
O X argumenta que a investigação pretende distorcer a legislação francesa para atender a uma agenda política. Para a rede, isso configura uma tentativa de instrumentalizar o aparato judicial com o objetivo de pressionar uma empresa privada e restringir o debate público. Até o momento, o Judiciário francês não respondeu às críticas formais.