A palavra-chave deste momento é planejamento. Com a seca já castigando o Brasil Central e ainda com meses pela frente, o consultor Felipe Moura, especialista em pastagens, mandou um recado direto aos pecuaristas no Giro do Boi: o pasto não pode mais ser tratado como sobra da fazenda. Assista ao vídeo e confira os detalhes.
Para ele, é preciso enxergar a pastagem como uma lavoura e aplicar nela o mesmo cuidado que se tem com a soja ou o milho.
Pasto é lavoura: trate como uma safra

Felipe atende fazendas de todo o País com consultoria. Segundo ele, quem não faz planejamento forrageiro, colhe prejuízo.
“Todo ano vai ter seca. Todo ano vai gear. Se o produtor não se prepara, o gado sofre e o bolso também”, alerta.
Usando drones, Felipe realiza diagnósticos precisos das áreas de pasto. Ele gera mapas que mostram onde há solo exposto, pastagem degradada e áreas subaproveitadas.
Esses dados ajudam a responder uma pergunta crucial: quantos bois cabem na minha fazenda? Muitas vezes, o produtor acha que está usando bem a terra, mas 70% da área está improdutiva.

Outro ponto-chave é a nutrição estratégica. Nessa época do ano, o uso de sal proteinado ou ureado é comum.
Mas, segundo Felipe, suplementação sem fibra no pasto pode ser prejudicial. Os microrganismos do rúmen precisam de proteína, mas também de fibra para funcionar bem.
Por isso, é essencial que o produtor tenha alguma forma de reserva forrageira para os meses de seca. Isso pode ser feito com:
- Feno em pé,
- Silagem,
- Cana-de-açúcar,
- Capineiras bem manejadas.
“Não dá para depender só do pasto que sobrou. Tem que entrar na seca preparado”, reforça o consultor.
Categorias exigentes precisam de estratégia durante a estiagem

Durante o período mais crítico, realocar os animais de forma inteligente é uma saída. Vacas secas e animais em terminação, por exemplo, podem ocupar áreas de pasto mais fracas. Mas mesmo assim, essas áreas precisam garantir fibra efetiva.
Felipe também chama atenção para o manejo reprodutivo.
“A vaca tem que parir quando o pasto está bom, senão ela não recupera escore corporal e fica vazia para a próxima estação”, explica.
Outro cuidado importante é com as vacas em final de gestação. Mudanças bruscas de dieta podem causar complicações no parto. E se a fêmea estiver fraca, o risco é ainda maior.
Tecnologia e adaptação: saídas inteligentes contra a seca

Para regiões de baixa pluviosidade, como o semiárido, o uso de espécies mais resistentes é fundamental.
Felipe recomenda variedades como Massai e Andropogon, que aguentam melhor a seca. Já em áreas irrigadas, o cenário é outro: com pivô e controle da água, é possível produzir até o melhor feno do Brasil.
Por fim, o especialista reforça que a consultoria online tem encurtado distâncias e democratizado o acesso à informação de qualidade.
Ele compartilha experiências de campo e soluções práticas em sua série documental Pasto On Road, no YouTube.
“Quem planeja não sofre. Pasto é lavoura e precisa ser tratado como tal”, conclui Felipe.